quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

Parto normal

Parto normal

Abri os olhos, senti umas pontadas já sentidas.
Os pensamentos prenhes de contração aguda de idéias.
A goela rouca, obstruída por um grave afluxo de letras.
A bolsa se arrebenta em derramamento de sentimentos.
Anestesiei-me!
As mãos saturadas de caracteres seguravam o lápis
com maioria de consoantes e desrrimadas;
E os dedos no mesmo instante espargiam vogais;
Tudo certo nos canais.
Apeteci o desligamento do cordão que elava tudo em mim.
Era a hora!
E na fadiga doce do amanhecer a minha mente
teve mais um de tantos de seus partos normais.
_Pari um poema menino!

Raquel Ordones
Uberlândia MG 

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