segunda-feira, 25 de setembro de 2017
domingo, 24 de setembro de 2017
Cotidiana (mente)
Cotidiana
(mente)
Nos
cafés das manhãs, nosso carinho,
Desalinho
de nós, nossos cabelos,
É
novelo de versos, lençóis, ninho,
Selinho
em verbos. Ah, é tão bom tê-los.
Pelos
eriçam, cheiro de café,
Pé
descoberto; sonhos, odes trufas,
Pantufas
quentes, chá, nosso chalé.
Cabaré:
come e bebe. Nossas lufas.
Bulhufas
se o sol abrolhou, ou se chove,
Move
em nós alimento; só sabor.
Calor
nas gotas; é nós, raios love.
Prove-me.
Aprovado está em seu ardor,
Flor
que rima nossa mesa. São nove.
Sove
seu dia ao meu, o nosso humor.
ღRaquel Ordonesღ
#ordonismo
Uberlândia MG 23/09/2017
terça-feira, 19 de setembro de 2017
Nas asas da poesia
Nas
asas da poesia
Pena?
_Não. Só há uma ventania,
É
fonia por dentro: quente e amena,
Acena
imaginar em demasia,
Histeria
de verso; desordena.
E
despena minha alma, extrai e copia,
Seria
o tal plainar em linha e cena.
Arena
em flor, pecado, ave-maria,
Iguaria
de anseio, até obscena.
Terrena,
célica essa tal sangria?
Periferia
ou centro nada apequena,
Plena,
absoluta. Late, uiva e pia.
E
teoria alguma aclara; epicena.
Morena
que avassala; a poesia,
Arrepia.
Versar: voo que aliena...
Raquel Ordones #ordonismo
Uberlândia MG
foto: Greg Ordones
arte: Dequete
segunda-feira, 18 de setembro de 2017
Ninguém pode com esse tal bebê...
Ninguém pode com
esse tal bebê...
“Dorme neném que o
bicho vem pegar.”
_Azar, pois pode
até se arrepender!
E fazer o que? Eu
vou lhe amedrontar!
Calar? _Isso não irá
acontecer!
Entender a mamãe,
nem está dando mais,
Aliás: esse bicho
não existiu,
#Partiu
realidade. É demais!
Ademais, meu
amiguinho não viu!
Riu! _Também não
há boi da cara preta!
E careta melhor
não tem quem faça!
É massa essa
crendice, tão obsoleta!
Porreta mesmo é a
cegonha, passa!
Graça alguma! Mamãe
dá a chupeta?!
Na gaveta.
Cuidado, olha a pirraça!
Raquel 0rdones #ordonismo
Uberlândia MG
domingo, 17 de setembro de 2017
A cor dar
A cor dar
Então, quero acordar toda manhã,
Com a maça do rosto suculenta,
_Aumenta o som e escute: é Djavan,
Eu sou fã de café, mas não requenta.
E venta pela fresta da
janela,
Ela-me nesse mundo que sorri,
Li e espanca-me o poema de Florbela,
Na estampa do pijama, um colibri.
Vi nos raios do sol lampejo luz,
E seduz-me a inspirar em demasia,
É ventania em mim, ninguém traduz.
Conduz acendimento de magia,
É alergia. Espirra verso, induz,
Capuz da alva, borrifo poesia.
sábado, 16 de setembro de 2017
Xuxu
‘Xuxu’
E seria por ser assim sem gosto?
É um rosto enrugado tal e qual?
Num varal, trepadeira no seu posto?
O desgosto em provar é sem igual?
É sem o sal,
tempero, silhueta?
Nem malagueta traz o paladar?
Degustar para quem é de veneta?
Caneta na receita a rabiscar.
E chamar de ‘xuxu’, o que isso me diz?
Infeliz elogio ou xingamento?
Pensamento maduro ou é aprendiz?
Fiz avaliação; arrebitei nariz,
Eu quis saber mais sobre o tratamento.
E reinvento-me; foi afago: feliz.
Raquel Ordones #ordonismo
Uberlândia MG 16/09/17
quinta-feira, 14 de setembro de 2017
" ‘Só lhe dão’ se você aceitar "
" ‘Só lhe dão’ se você aceitar"
E na cabeça existe uma guerrilha,
Uma vasilha farta de restos de ontem,
Apontem-me porque essa enorme pilha,
Trilha abismos; please aí, me contem.
Desmontem esse circo, coisa falha,
Encalha vida, corta como espada,
Nada é pior, imo cospe navalha,
Entalha a alma, feição dilacerada.
Fadada à dor, ser é solidão,
Mas a emoção é uma flor caída,
Tida chorosa numa decepção.
Ademão é inútil, nem vertida,
Ferida sara; a luz visitação,
Oração brota; treva diluída.
ღRaquel Ordonesღ #Ordonismo
Uberlândia MG 14/09/17
quarta-feira, 13 de setembro de 2017
Cordão
Cordão
É: então a costureira bate o ilhós
O retrós já se mostra bem vazio,
O fio já se foi; costurou o cós,
Voz de Maria:_ Ê botão arredio!
Desconfio: outro ilhós fora pregado
E é do lado do outro, outro; fez trio,
Enfio
linha à agulha: atado,
É dobrado tecido, sem desfio.
Frio assopra na tez; arrepião,
A mão corre a esconder bem o seu dote,
É mote poeta! Ah, imaginação!
Vão entre ilhoses e ilhoses; só anote:
E vote em não encontrar o tal cordão,
Senão acaba a paisagem do decote.
Raquel Ordones #ordonismo
Uberlândia MG 13/09/17
segunda-feira, 11 de setembro de 2017
Caixa de papelão
Caixa de papelão
Despejada, jogada ali no chão,
Sem descrição, letreiro. O que continha?
Farinha, doce, manga, macarrão?
Sabão? Quem sabe peixe na latinha?
Não tinha cheiro, nada era manchada.
Jogada no chão, tal qual um entulho.
Sem embrulho nenhum, fita: quadrada,
Só largada, quieta, sem barulho.
Mergulho-me a pensar: de que seria?
Bacia, livros, ovos ou mamão?
Pão? Talvez mortadela de fatia?
Poesia? De quem a inspiração?
Emoção do nada, ninguém copia.
Faz ventania... Vai-se o papelão.
Raquel Ordones #ordonismo
domingo, 10 de setembro de 2017
Chove você em mim
Chove você em mim
Meus muros se molham, e se encharcam,
Marcam-se nossas cores em mistura,
Estruturas pulsam, e me abarcam,
Atracam; lava toda a minha altura.
É loucura esse seu chover em mim,
Meu jardim brota, é tanto perfume,
Cardume de desejo está afim,
O seu jasmim me inunda, então me assume.
Volumes, escorrências infinitas,
Imita catarata, irrigação,
A atuação dos seus pingos me agita.
Excita-me ao extremo, volição.
Então existe esse vento, e me visita,
Levita a saia da imaginação.
Raquel Ordones - #ordonismo
Uberlândia MG 10/09/17
sábado, 9 de setembro de 2017
Apesar das barbaridades
Apesar das barbaridades
O mundo caindo íntegro lá fora,
É; agora escoamos pro seu fundo,
É profundo e doído, sim senhora!
Embora a gente finja. É tão imundo.
Inundo-me de esperas, melhor, tento,
O momento não ajuda, quase grito,
Acredito ainda. É forte o lamento,
O vento sopra contra, sinto o agito.
Negrito é a guerra com seu sangue,
É bangue-bangue, abuso em demasia,
Demagogia, tráfico, dolangue.
Langue se enrosca a cobra hipocrisia,
Alicia criança; adulto: gangue,
Desse mangue, o eufemismo poesia.
Raquel Ordones #Ordonismo
Uberlândia 09/09/17
quinta-feira, 7 de setembro de 2017
Escrevi versos doentes
Escrevi versos doentes
Era carente tal vocabulário,
Armário com as traças, decadente,
Presente era passado, vil fadário,
Sem rosário, sem gládio, sem tridente.
Mente desmaia; é contexto vão,
Coração com stent numa clausura,
Sem partitura sai dó da canção,
Emoção pálida, ar era loucura.
Amargura nas letras, pés trincados,
São molhados em fungos e tão anêmicos,
Epidêmicos são saboreados.
Internados à força, tão polêmicos,
Nada eufêmicos, de eus coagulados,
Deitados, com desejos, mas abstêmicos.
Uberlândia MG 07/09/17
sábado, 2 de setembro de 2017
Através dos galhos e flores
Através dos galhos e flores
Abre-se uma janela; via céu,
Um véu quadriculado em janelinha,
Alinha em ar, olor, sabor de mel,
A granel a beleza na entrelinha...
Desalinha-se um cheiro, a folha e flor,
Um rumor com os galhos se roçando,
Dançando não implicando ao calor,
O amor por natureza, assim pulsando.
Olhando fico até meio sem fala,
Abala-me um encanto, uma emoção,
Criação que no meu dentro se estala.
Instala-se no cerne, admiração,
O coração gargalha e despetala,
Da sala, jaz em mim inspiração.
ღRaquel Ordonesღ #Ordonismo
Uberlândia MG 02/09/17
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