sábado, 30 de setembro de 2023

Ser prendada


 

Ser prendada

 

Ser prendada é maquinar na sua história.

Trajetória em tecido do seu próprio gosto.

Rosto para frente; rumo a sua vitória,

Dedicatória a si mesma; firme no posto.

 

Proposto: costurar o seu sonho e vontade.

Humildade; cerzir todas as suas dores.

Flores bordadas no riso; cor liberdade,

Serenidade nos remendos de terrores.

 

Valores? Impagável ajuste. Entre telas.

Cautela em alinhavar peito desfiado.

está rasgado seu amor próprio? - Remodela!

 

Janela aberta; medida; casa e botão.

Ação que fura qual tesoura: alfinetar.

Prendar-se: são várias linhas num coração.

 

Raquel Ordones #ordonismo

Versos requentados


 

Versos requentados

 

A vida é bem isso, fácil, difícil.

E passa no tempo de um míssil.

 

Estação melhor e estação ruim.

Enfim!  E irá ser sempre assim.

 

Passado agora é na lembrança.

Carregue consigo a sua criança,

 

Futuro: um tempo sem alcance.

Nem todos terão mesma chance.

 

Mas independente do instante.

O agora é bem mais importante.

 

Levante o seu nariz, vá ser feliz.

Só deslembre o diz que não diz.

 

Ajuda: leão com uma força tanta.

Atente-se: sempre terá uma anta.

 

Raquel Ordones

 

Nunca mais...


 

Nunca mais...

 

O planeta se desconfigurou.

Mudou-se o curso do rio.

Não há mais inverno frio.

Fruto não mais madurou.

A usina logo o inventou.

Industrializado dá em cacho.

Nunca vi tanto esculacho.

Ser humano é tão estranho.

Logro de jeito tamanho.

Tempestade motiva o terror.

Derrubada: o extremo calor.

Culpada? A água do meu banho.

 

As árvores tombadas sem dó.

E o dinheiro vai para a conta.

Aqui e acolá sempre apronta.

Bate no peito, apenas gogó.

Em bandos e nunca só.

Joga lata pela janela do carro.

No mato, a bituca do cigarro.

Ser humano é tão estranho.

Logro de jeito tamanho.

Lixo faz a nascente morrer.

Entulho não a deixa escorrer,

Culpada? A água do meu banho.

 

Fumaça; nunca teve freio.

Flor quase nasce de plástico.

O ser se achando fodástico,

Mesmo cometendo algo feio.

Puro; que se foda o alheio.

Combustão e o efeito estufa.

Não se importando bulhufas.

Ser humano é tão estranho.

Logro de jeito tamanho.

Chuva forte e sua acidez.

Alagamento com rapidez.

Culpada? A água do meu banho.

 

É tanta coisinha e buraco

Isso ainda é muito pouco.

O ser cada dia mais louco.

Casa fresca versos barraco.

Arrebenta o lado fraco.

Agrotóxico infecta solo e ar.

A água ingerida pode matar.

Ser humano é tão estranho.

Logro de jeito tamanho.

É que o mal já foi causado.

Desde sempre tão errado.

Culpada? A água do meu banho.

 

Raquel Ordones

Uberlândia MG