terça-feira, 31 de março de 2020

Saudade da gente


Saudade da gente
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 Vela um silêncio; é calmo lá fora.
Embora na alma uma voz tagarela.
Janela aberta, um vento que bafora.
Mora no meu dentro e me descabela.
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 Singela a cortina num tom de amora.
Demora em mim, essa saudade estrela.
Aquarela em mente; rosto aprimora.
Namora minha pele, a tua anela.
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Gela a barriga, coração afervora.
Aurora já vem, meu sono atropela.
Revela meu sentir e nada ignora.
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Afora de mim pijama em flanela.
Rela pelo meu ser o teu; me aflora.
_Agora te preciso sem tramela.
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Raquel Ordones  #ordonismo
 

Feijão


Feijão
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 Semente na mão; terreno adubado.
Molhado, rescendendo intensamente.
Sutilmente cada grão foi jogado.
Abraçado pelo chão docemente.
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Naturalmente o feijão foi adotado.
Confinado no escuro; claramente.
Presente no processo: é plantado.
Aguardado, na fé: rapidamente.
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Contente o lavrador crê: capinado.
Brotado; vem um ramo ‘verdemente’.
De repente a vagem; algo encantado.
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Olhado o casulo; surpreendente.
Recipiente bom, multiplicado.
Sagrado; mesa farta brevemente.
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Raquel Ordones #ordonismo