quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

Chovo

Chovo

Feito à chuva às vezes sou
Às vezes chovo constante
Às vezes chuvisco distante,
Num canto chovo fino
Às vezes eu só gotejo
Ora sou tempestiva
Chovo fora de mim
Gotas de mim vão embora
E sempre volto para mim!
As chuvas são efêmeras
O chover é divindade!

Raquel Ordones

Uberlândia MG 26/02/15

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

Chorei por dentro


Chorei por dentro

E eu não sei por que, são coisas que acumulam
Que de repente vem à tona e a gente não segura,
São forças poderosas que empurram, nos anulam
Na hora parece ser uma doença que não tem cura.

E o vento beija o rosto sem nenhuma permissão
Esvoaçam os cabelos e se vai; deixa o desalinho,
A flor a sua frente explica em silêncio a perfeição
Tão esguia, tão só dançando na ponta do raminho.

O passarinho volta para o ninho sem sinalização
A borboleta é tão linda e talvez nem saiba disso,
O cãozinho que late no portão sem compromisso.

Essa tal tristeza torna-se tão pequena, sem noção
A lágrima seca por causas boas que se estendem,
E me deixo tocar, consternações não me ofendem.


Raquel Ordones
Uberlândia MG 25/02/15





Baderna de gotas

Baderna de gotas

Chovia, o vento sacudia o varal, na mão o rodo. 
No prendedor o soutien e a calcinha de algodão
E na parede do lado externo dimanava um lodo
Denso céu, gotas bagunçadas se jogam ao chão.

A aragem fria gargalha ao encrespar meus pelos
Os meus pés descalços estão isentos de proteção
Os cachos se desencaixam, umedecidos cabelos.
O relâmpago tenta inutilizar em neon um trovão.

A chuva é efêmera, de tempo em tempo ela vem.
Banha, irriga, encharca o chão, na pétala o brilho.
Escorregadia a rua, o trem não é seguro no trilho.

A garoa, tempestade, chuvisco: é chuva também.
É sem hora marcada, é dia, noite e até no arrebol.
Então: a flor da minha pele é maior que o girassol.

ღRaquel Ordonesღ
Uberlândia MG 24/02/15

terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

Eu queria...


Eu queria...

Eu queria escrever um livro, não muito extenso.
Que exalasse cheiro, que repleto de amor fosse.
Que eu pudesse me arremessar de jeito intenso
Nas tuas chuvas, no teu sol e em teu riacho doce.

Eu queria que cada palavra fosse a ti direcionada
E que toda a verdade permanecesse ali expressa
Que a entrelinha navegasse de forma desnudada
Que as linhas dessem licença a isso, sem pressa.

E queria escrever letra por letra, verso por verso.
Aspas, pontos e vírgulas em teus devidos lugares.
Minhas cachoeiras despejando-se em teus mares.

Eu queria transformar em palavras meu reverso
Cada página virada fluísse em tu’alma, emoção.
De fato queria expor-te a cópia do meu coração.

ღRaquel Ordonesღ
Uberlândia MG 23/02/15

domingo, 22 de fevereiro de 2015

E o destino brinca...

E o destino brinca...

Tropeço no céu da amarelinha do teu viver,
Então ouço tua voz que vem me passar anel.
E flutuo, é que o amor mestre mandou crer,
Agito-me em pula corda descortina-se o véu.

Minha poesia se faz faúlha rubra, é ciranda.
Teu sorriso tem olor de por do sol que caço,
Teu olhar: duas bolinhas de gude que ronda
E me jogo em pique esconde no teu abraço.

Larapia-me beijos, me deixo ser carimbada.
E a tua boca de forno calada me desordena
Rendo-me a cabo de guerra, nada condena.


Faz-me cabra cega, se frio, se sol, chuvarada.
Defrauda-me em toques a roubar a bandeira
Nesse pega-pega me cata, me tem por inteira.

ღRaquel Ordonesღ
Uberlândia MG 22/02/13


sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

Certezas e dúvidas

Certezas e dúvidas

Eu não sei se falo sobre a saudade que sinto,
Ou se escrevo outra vez sobre o meu querer.
E por mais repetitiva que seja eu não minto,
É um jeito que achei para você não esquecer.

Não sei se falo sobre a falta que você me faz
Ou se sobre as reminiscências dos seus beijos,
Se verso que em mim está sempre em cartaz
Ou dos abraços, dos toques, ou meus desejos.

Talvez falasse sobre a chuva que você gosta,
Ou da paz que reinou por trás daquela parede,
Ou da fome que nutro por você, ou seria sede?

Não sei, só sei que a minh’alma está exposta
Em branco não deixo, pois isso não é de mim
Quem sabe pudesse me dar uma dica, enfim!?


ღRaquel Ordonesღ
Uberlândia MG 20/02/13

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

Nossa música

Nossa música

Eu ainda não sei qual é nossa trilha sonora
É que talvez ninguém ainda a tenha escrito
Tem que falar de emoções de verdade, ora.
Preciso que seja em rubro neon, em negrito.

Que as palavras sejam escritas docemente
Que flua veracidade na mais simples delas
Não precisa escrever que seja eternamente
Mas que seja agora, com flores e aquarelas.

Não precisa sofisticados arranjos e coisa tal
Pode ser cantada por você, ainda sem violão.
E que me olhe nos olhos e veja meu coração.

Não ousaria compô-la, um ato louco e fatal.
Mesmo sentindo, palavra me seria escassa,
E nossa música? Por favor, então me abraça.

ღRaquel Ordonesღ
Uberlândia MG 18/02/13


segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

O sentido da vida

by Raquel Ordones / imagem do Google
O sentido da vida

Então eu te pergunto: _Qual o sentido da vida?
Sabendo que a resposta é inteiramente relativa.
O seu conceito difere do meu, pois sou atrevida.
É que a vida para mim é viver e ser bem objetiva.

Vida por si só é prática do verbo viver, absoluto.
É negritar a alegria como fazemos com a tristeza
Optar-se pelo carinho, definitivamente resoluto.
Saber dividir anseios, também o que vai a mesa.

O real sentido da vida depende de cada pessoa
Alguns têm fé em Deus, outros têm fé na riqueza.
E alguns se julgam melhores, fingindo-se realeza.

O sentido da vida é amor em exercício que ressoa
Extraindo-o da teoria e espalhando mundo afora
É guardar o ontem, esperar o amanhã é ser agora.

ღRaquel Ordonesღ
Uberlândia MG 16/02/13


Chove você em mim

Chove você em mim

Era amanhecer,
pingos de chuva
bateram em minha janela.
Acordei!
Senti seu cheiro, seu gosto.
Pensei ser você;
e era...
Por todo meu ser e
em meus pensamentos!

ღRaquel Ordonesღ
Uberlândia MG 16/02/13


domingo, 15 de fevereiro de 2015

Carnaval de nós

Carnaval de nós

Inflamadas fantasias, um querer da dança.
Dois corações que se explodem em alegria,
Corpos quentes convulsos pela esperança
Numa avenida privada coberta de poesia.

Almas felizes, em folia isso tudo ainda resta.
Com risadas coloridas, vidas em purpurina.
Luz nos olhos, anseio aceso a vida empresta.
Performance real, nem Pierrô, nem colombina.

Luxuosamente e tão natural... Se vestem nus
Comandantes desejos e tão desmascarados.
É dança fascinante, cabeça e pés enlaçados.

Ô abre alas ao doce prazer, entrega faz-se jus.
Festa maior, o cerne se agita com tais cutuques.
Suores, salivas, olores, e corações em batuques.

ღRaquel Ordonesღ
Uberlândia MG 15/02/13


sábado, 14 de fevereiro de 2015

A chuva não veio

A chuva não veio

O brilho do sol, o céu límpido era a resposta.
De que hoje, a chuva não se atiraria por nós.
É que na gente existe sempre essa proposta
Dançar sob os pingos, beijar e ouvir sua voz.

E sentir cada gotinha descida direto do céu
Ou aquela de feição díspar que da árvore cai
A da marquise, a da vidraça à beira um véu.
Tão dessemelhante, tão chuva, vinda do pai.

Chuva: mágico o instante, marcante na alma.
Banha a essência de quem realmente a sente
É um doar-se sem nada em troca de repente.

Pluviosidade que rega a tez, a toca e acalma.
Sensível é se jogar nesse ilusionismo tão real
Uma perfeição de se emocionar, coisa abissal.

ღRaquel Ordonesღ
Uberlândia MG 14/02/2015


Na medida

Na medida

 O teu sorriso tem largura em volume exato
E abrangeu todos os ângulos da minha alma.
Teu olhar de perfeição verdadeira em relato
Dizia hectares dos teus quereres com calma.

Teu abraço: milimetricamente minha medida
O teu cheiro dose apropriada que me inebria
São gramas em gota que me fizeram: perdida
É uma a uma das letras de peso dessa poesia.

O teu toque à minha tez eu quero em resma
Teu beijo, o comprimento do meu com altura.
Teu carinho é exatamente a minha espessura.

Às vezes fugi de mim, sentindo-me eu mesma.
E litros e litros de desejos borbotaram de nós
Loucura em quilos, anseio vazam em alta voz.

ღRaquel Ordonesღ
Uberlândia MG 11/02/2015


segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

Quando o sentimento adolesce a gente

Quando o sentimento adolesce a gente

Então, na realidade a gente vira pura poesia.
Somos entrelinhas; versos a torto e a direito.
Estrela desce na terra, flor no céu em euforia.
Tudo é completo, não se vê qualquer defeito.

A hora marcada demora por volta de um ano.
Mas quando ela chega, passa feito um cometa.
Então, tudo é esperado sem qualquer engano.
Planeja-se e é díspar por mais que se prometa.

E a imaginação não tem limites e vira um frege.
E a loucura é calada berrando pelo corpo e tez,
Querendo mais uma, mais uma, mais outra vez.

Quando o sentimento adolesce a gente, ele rege.
Faz-nos tolo ser, poderoso que até cega a gente.
Isso num piscar de olhos, assim tão de repente.


Raquel Ordones
Uberlândia MG 09/02/2015

sábado, 7 de fevereiro de 2015

Por você

Por você

Por você eu me reconheci e me encontrei
Perdi-me do meu caminho em suas flores
Palavras e poemas de fato para você; criei.
Adolesci-me, descobri muitas outras cores.

Por você dispus do meu tempo, em nosso.
E perdi-me tolamente no seu beijo e abraço
Sabiamente busquei sentir mais que posso
Descobri em você um orbe, melhor espaço.

Por você me confiei na mais abissal entrega
Vi lua clara no ocaso; no meio da noite vi sol.
Estrela no teto branco caindo sobre o lençol.

Por você ignorei o receio e não o fiz refrega
Desfiz alguns rótulos, refiz alguns conceitos.
Senti o sabor do sempre, instantes perfeitos.

ღRaquel Ordonesღ
Uberlândia MG 07/02/2015


quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

Bem que tentei


Bem que tentei

Desde sempre era sabido que hoje eu sentiria saudade
Faz parte do círculo da vida coisa boa que nos acontece
E fica assim martelando na gente, e nem é por maldade.
Uma força que abraça nosso coração, e só ela prevalece.

Quis estocar seus beijos para usar na saudade e distância.
E tentei fazer pilhas do seu carinho para jamais me faltar.
Sonhei com um acervo dos seus toques e sua fragrância.
E apostei comigo mesma: todo o seu carinho conquistar.

Bem que tentei, mas em mim somente a saudade ficou.
Em minha alma, intocável é seu ser, que agora lá habita.
E em meu corpo jaz um desejo que por toda tez palpita.

É, eu tentei, tentei com toda a coragem que me restou
E a lembrança reprisa a todo segundo o que aconteceu
Tentei e consegui descobrir que meu ser só que ser seu.

Raquel Ordones

Uberlândia MG 04/02/2015

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

Abraço nas nuvens

Abraço nas nuvens

Foi talvez um sonho de realidade incrível
Um arroubo com asa absolutamente aberta
A melhor nadada, sem ciência tão indizível.
Uma entrega abissal no tempo e maré certa.

Nuvens alvejadas e macias; à vista algodoal.
Flores e fragrâncias, ventos fortes de desejo.
Braços que circundam braços; incondicional.
Uma Culminância e arrebatamento do ensejo.

O tempo parece parar, cai a real, ato ilusório.
Ciclone de sentimentos, feitio indefensável.
Atropela a alma na área com gol implacável.

Tão perto do céu, em um estado provisório.
Abraço nas nuvens, e sem chuvas o coração.
Resta-se a saudade em arco-íris de corrimão.


Raquel Ordones
Uberlândia MG 02/02/2015


domingo, 1 de fevereiro de 2015

Embriaguez

Embriaguez

E parece que foi ontem, a zonzeira inda continua.
E um estado febril se apossou das forças minhas
O quente vindo de dentro que se alastra pela rua
Sol que queima versos escorrendo as entrelinhas.

Intenso feito um vulcão no ápice da tua erupção
Gosto que tem cheiro, fragrância que causa fome.
Inquietude que dá calma e impacienta a sensação
Um passado morando no presente que consome.

Embriaguez essa é tontura que se fez permanente.
Pensamento torpe, dia e noite invade, agora mora.
Tragos de ti, overdose que jamais pensa ir embora.

Etilismo do teu toque, teu carinho, beijo candente.
Adolescente me fez, era esse o tempo que me senti.
Sofisticadamente simples, só porque tu estavas ali.

ღRaquel Ordonesღ
Uberlândia MG 01/02/2015