quinta-feira, 26 de janeiro de 2017

íntimos

Íntimos

Veste-se em tecido suave e leve,
Atreve na volúpia pueril,
De perfil uma escultura transcreve,
A neve ferve de jeito febril.

Abriu seus lábios e fechou num beijo,
Molejo em quadril no corpo repete,
E promete a flor em doce versejo,
Arpejo em gemidos sobre o carpete.

Reflete na alma, frêmito da tez,
 Imediatez na coxa que roça,
E coça as vísceras a escutar bossa.

Apossa-se do outro mais uma vez,
Talvez p’ra sempre naquele momento,
Atento; comprime o seio no intento.


Raquel Ordonesღ #ordonismo

Estação de mim

Estação de mim

Sua voz; apito em consentimento,
Sentimento de mim sem desembarque,
Encharque na alma de contentamento,
Um carregamento ao som de Buarque.

Num parque me vi sem o passaporte,
Norte eu perdi em sua curva ousadia,
É ventania em meu ser de grande porte,
Forte; senti-me sem trilho, ironia!

E magia eu vi na sua janela,
Passarela suspensa que me informa:
_A plataforma do imo se transforma!

Sem norma, algo agigantado revela,
Ela-me; fogueiro da direção,
Não passageiro da minha estação.


Raquel Ordonesღ #ordonismo

Se eu pudesse

Se eu pudesse...

Se eu pudesse voltaria a ser uma menina,
Pequenina, cabelo de Maria Chiquinha,
Engraçadinha que sinceridade ensina,
E fascina seus olhinhos, uma estrelinha.

Amarelinha, pique esconde, pula corda,
Aborda e conversa com flores e animais,
Florais no vestidinho, alegria que transborda,
Borda sonhos em arco-íris e espirais.

E varais de carinhos sempre são estendidos,
Prendidos com lisura; fantasia, boneca,
Sapeca; tem um medo que a sua alma peca.

Levada a breca corre nos quintais varridos,
Florido pomar; ousa apanhar borboletas,
Piruetas: garotinha multifacetas.


Raquel Ordones #Ordonismo