sábado, 29 de dezembro de 2018

...


Você é o lugar
Aonde gosto de morar
Sem vizinhança...


#ordonismo

Entre carros, escarros e cigarros...


Entre carros, escarros e cigarros...

No meio do dia, um cansaço aconchegante de missão cumprida no trabalho.
Pela rua de abaixo seguiu, mas nem chegava a ser um atalho, poucas pessoas por ali, num sábado de antevéspera de fim de ano. Uma árvore dançando ao som do vento, um mendigo deitado num canto, nem viu lamento.
Um senhorzinho com bengalas, andar quase parado, cospe no chão.
Um portão eletrônico se abriu, um carro saiu com uma jovem senhora no volante, do lado, no banco do passageiro seu cãozinho de estimação aguardando o vento na cara. Carinha de feliz...
Casas, casas, lojas, lojas, mais casas, prédios, carros...
Mais alguns passos chegou ao ponto do ônibus, não muito vazio.
De repente um ônibus articulado, vulgo minhocão encostou; não era o que fazia a linha da sua casa.
Formou-se uma fila na porta, gente de todos os tipos, tantas conversas... Abriu-se a porta, meio que engoliu todos, fechou-se e partiu.
O ponto ficou deserto, foi-se aquele aglomerado de gente maluca...
Assentou-se ali num banco, tudo calmo... Alguém deixou pra trás a bituca.

Raquel Ordones

segunda-feira, 5 de novembro de 2018

Nude da alma


Nude da alma

A palma do meu dentro para cima.
Rima com um querer; estupidez.
A tez eriça; desejo obra prima,
Acima, adentro, abaixo; em fluidez.

Outra vez, e outra vez... Consecutivo.
Cativo essa loucura; é só minha,
Desalinha; nada diminutivo.
Coletivo, gostar em mim aninha.

E caminha por meus eus um lampejo,
Ensejo ímpar, em mim um açude.
Em plenitude vivo e aqui versejo.

Vejo, suo ventos e quietude,
Saúde de sentimento, sobejo.
E despejo toda a minh’alma: seu nude.

Raquel Ordones #Ordonismo
Uberlândia MG 05/11/2018



quinta-feira, 20 de setembro de 2018

Onipresença


Onipresença
  
Espetáculo, o céu, pano de fundo.
Inundo minha alma, tanta beleza.
Natureza, culminância do mundo,
Profundo sentir em delicadeza.

Leveza, cores habitam o espaço,
Faço-me uma espectadora e uma amante
Distante, mas eu guardo num abraço,
E passo a flutuar... Sou um viajante.

Instante mágico em alinhamento,
O pensamento não sabe o que faz,
A paz impera, é mor sentimento.

Vento, sol, lua, árvore... Em cartaz,
Liquefaz-se num retrato, um alento,
E reinvento-me. O autor me estupefaz...

Raquel Ordones  #ordonismo
Uberlândia MG 20/09/2018


domingo, 9 de setembro de 2018

Coragem

Força
(coragem)

A vida é muito mais que uma ação,
É dedicação, é busca incansada,
É talhada em nuanças e emoção,
É atenção florida e perfumada.

Alada a alma vai bem mais adiante,
Pulsante coração quer ser feliz,
Diretriz do caminho, confiante,
E constante, mesmo que por um triz.

Atriz não, a vida são cenas reais,
Nos roseirais a rosa; fere o espinho,
Desalinho e estorvo se fazem ais.

Dos quintais renuncia-se o seu ninho,
Pergaminho escreve nos vendavais,
Nos murais marca: rosas, versos, vinho.

Raquel Ordones #ordonismo
Uberlândia MG 



sexta-feira, 7 de setembro de 2018

Sobre lágrimas...

Sobre lágrimas...

É cacho de gotas; em mim despenca.
Em penca, faz um pequeno riacho,
O facho de tristeza que se elenca,
Encrenca! É talvez alegria, eu acho!

Racho coração: dor ou regozijo?
Exijo: não ligue só a agonia,
Euforia traz choro, assim corrijo,
Emirjo e minuto essa poesia.

Sinestesia: há um cheiro no choro,
Um coro que se deslumbra ao ouvido,
Gemido que enxerga todo decoro.

Estouro de dentro, vem atrevido.
É envolvido na emoção; qual soro,
E coloro-me num gozo sentido.

Raquel Ordones  #ordonismo
Uberlândia MG 07/09/2018

sexta-feira, 31 de agosto de 2018

Nunca é tão tarde...

Nunca é tão tarde...

O sol estendia seu último raio alcançando o horizonte,
Deitando-se naquele colo em repouso.
Um sino,
Hora do ‘ângelus’
Benze-se em frente à igreja...
Pai,
Um ar de cansaço...
Filho,
Em frente à TV...
Espírito Santo não é pessoa!

Raquel Ordones

domingo, 3 de junho de 2018

E que doa a quem doer...


E que doa a quem doer...

Talvez, verdade seja feita pra matemática,
A gramática em sua regra já aceita exceção.
O coração tem, às vezes nem põe em prática,
Elástica vida: a poesia usa imaginação.

Ilusão, uma verdade bem simpática,
Temática de muita gente, quase oração.
Interação com sua vida lunática,
Apática a quem pratica inversa ação.

Então, a verdade em si nem é mais aromática,
Antipática quem a versa, uma infração!
Sua estação aboliu a era agora é errática.

Tática talvez, a falsidade é a comunicação.
Coação da verdade na ligeireza da informática.
E midiática a prudência perde a visão.

ღRaquel Ordonesღ #ordonismo
Uberlândia MG 31/05/2018


domingo, 29 de abril de 2018

Livre


Livre

E prendeu-se ao vento; correria.
Alegria, velos, solto vestido,
Colorido perfume em poesia,
Magia; liberdade, tão sentido.

Ruído, as folhas; descalçou chinelo,
Amarelo, verde em tons de vermelho,
Espelho além; de espírito tão belo,
Anelo à graça, orbe de joelho.

o conselho não quer; só ir e vir.
Sentir-se asas no limite e respeito.
Peito amor, sem vigiar o porvir.

Rir, quatro cantos, viver imperfeito,
No leito da vida um leve dormir,
Florir sempre, simples e do seu jeito.


Raquel Ordones #ordonismo

Uberlândia MG – 29/04/2018

sexta-feira, 30 de março de 2018

Injusta mente


Injusta mente

Falo de justiça e só vejo o injusto,
Um custo enxergar na vida o correto,
Direto, de peito aberto e robusto,
_Susto; não ha respeito nem por decreto!

E decerto o conceito foi-se embora,
Outrora restava incerta alegria,
Todavia, injustiça é senhora,
Aflora podridão na poesia.

Demasia; o honesto vai pelo cano,
E o fulano fura fila, e nem corre,
E concorre sozinho; causa um dano.

Plano perfeito, a cortesia escorre,
E morre-se; o egoísmo é insano,
Desengano, coração sofre em porre.

ღRaquel Ordonesღ #ordonismo
Uberlândia MG – 30/03/2018

domingo, 25 de março de 2018

Um soneto para Camões


Um soneto para Camões


Poeta nacional, vindo de Lisboa,
Acolchoa seu saber à literatura,
Figura em moldes clássicos, estro ressoa,
Entoa em boemia, voar pela altura.

Censura-se seu afeto; plebeia e nobreza,
Acesa vida, rodeada turbulência,
Essência aponta seu lápis, delicadeza,
Realeza em versar, motins em evidência.

Vivência conturbada; ferida e prisão,
Coração frustrado em serviço militar,
e seu olhar se apaga na perda da visão.

Pois então, os lusíadas... Veio a publicar,
O seu externar valioso era alto padrão,
Com pensão miserável, ‘no céu’ foi morar.

ღRaquel Ordonesღ #ordonismo
Uberlândia MG – 25/03/2018



domingo, 4 de março de 2018

Esbarrão de nós

Esbarrão de nós

Nos meus caminhos as pegadas tuas,
Luas de  sorriso, olhares de sol,
Arrebol de desejos, peles cruas,
Flutua minha mente em caracol.

Lençol, leveza, perfume marcante,
Instante de uma paz que me esvoaça.
Arruaça, solto balão do barbante,
‘almante’, além-carne, espírito abraça.

Esgaça quereres em fio infindo,
Lindo sonho; nem sei falar; tão nós,
A voz que se reafirma e sentindo.

Sorrindo, frêmito, escorrência, foz,
Cós, pés, pescoço, seios; se bulindo,
Abrindo aos ventos os nossos pós.

Raquel Ordones #ordonismo



terça-feira, 13 de fevereiro de 2018

Sem explicação


Sem explicação

É simples assim, algo sem noção,
Sensação de voo, estado de graça,
Sem raça e cor, total sublimação,
Coração buliçoso autoabraça.

Enlaça-me  num sentir singular,
Particular, solto, chega a ser vento.
O pensamento, corpo, alma, ocular,
Um desesperar-se; real e invento.

Arrebatamento; um alargar veia,
Sem teia, limites, só extensão,
Sem padrão, de integridade sem meia.

Ateia em mim o fogo, uma explosão,
Ação e reação, de vida tão cheia,
Pareia de nós, sem explicação.

Raquel Ordones  #Ordonismo
Uberlândia MG 13/02/2018


domingo, 4 de fevereiro de 2018

‘Fluxa-me’ fulgor

‘Fluxa-me’ fulgor

Diga-me: que substância é a tua?
Qual lua presa no topo do céu.
O véu da sombra nem mais se situa,
Atua-te luz em minh’alma: painel.

Nobel conteúdo é esse o teu.
Coliseu de estrela que em mim acende,
Entende-me em bruno, ora meu Romeu!
E teceu sol em meu ser; um duende?

E rende-te a mim. Mas do que é feito?
Deleito-me em teu saber e no mel,
Rapel em carinho, tão sem defeito.

Sujeito que me rima; imo tropel,
Carrossel de tudo, sem preconceito,
E deito-te em mim; até no papel.

ღRaquel Ordonesღ  #Ordonismo
Uberlândia MG 

  

terça-feira, 30 de janeiro de 2018

Geração Pistola


Geração pistola

A cidade dorme, o mau pronuncia,
E guia a arma, até mesmo canivete,
Mete o dedo em gatilho; rebeldia.
Periferia; comanda um pivete.

Chiclete na boca, fala bem mole,
Engole o cuspe, é quase homem vago,
É rasgo de morte que na alma bole,
Sem prole, não pensa; isento de afago.

Trago no cigarro, fumaça de erva.
Inerva-se todo, não consentido.
Sentido ameaça, morte reserva.

Observa; tudo ali é digerido,
O gemido, o sangue e poder preserva,
É ‘Minerva do hediondo’ e temido.

ღRaquel Ordonesღ  #Ordonismo
Uberlândia MG 30/01/2018

domingo, 28 de janeiro de 2018

Somos soneto

Somos soneto

E com uma palavra eu lhe defino:
Um menino: esse ser que só me encanta,
Levanta meu estado, homem e divino,
Felino às vezes; a minh’alma canta.

Espanta-me a elegância; o ser singelo,
Aquarelo-me, cores inexistentes,
Quentes desejos; o santo atropelo,
Caramelo com vinho em aguardentes.

Potentes quereres; sou simples rima,
Imprima-me em entrelinha dueto,
Dialeto nobre, pensar acima.

Intima-me num todo em seu livreto,
E borboleto-me em asa que anima,
No clima, chovemos: somos soneto.

Raquel Ordones  #Ordonismo

terça-feira, 16 de janeiro de 2018

Garotinha

Garotinha

Miúda e suave; abraço de ursinho,
Cabelinho num rabo de cavalo,
Calo-me ao vê-la em seu vestidinho,
Passinho tão miúdo, quase embalo.

Falo por dentro: _Impecável figura!
É candura de ser, anjo na terra,
Sem guerra na alma com tanta lisura,
Desmesura que em pureza se encerra.

E berra o belo num grito singelo,
Chinelo de dedo, rastro alegria,
Poesia, no sonho o seu castelo.

Paralelo mundo, o da fantasia,
Euforia e gosto de caramelo.
E relo o meu olhar em tanta magia.

Raquel Ordones  #ordonismo
Uberlândia MG 16/01/2018


segunda-feira, 1 de janeiro de 2018

Sobre a saudade...

Sobre a saudade...

Tantas vezes descrita: uma vilã
Em sã consciência ela é presente,
É quente no dentro, nenhum afã.
Uma lã que nos cobre de algo ausente.

Resistente, sem aval acomoda,
Roda de cima a baixo, ninguém tira,
E gira-nos de um jeito meio foda,
Moda? _Eterna, pois na gente respira.

Suspira na alma, nosso querer grita,
Agita-nos; é boa companhia,
Sangria de pensares que negrita.

 Palpita só o bom, ruim nem chia.
Magia é impressa em nossa escrita,
Levita: mote fixo em poesia!

 ღRaquel Ordonesღ 
#Ordonismo