segunda-feira, 31 de agosto de 2015

Meu amor maior


(imagem do Google)
Esse é para a senhora Mamãe: 
(Ilda M. de Queiroz + in memoriam)


Meu amor maior

E bem cedinho lá estava ela,
Em sua labuta, diariamente,
Fogo aceso, asseada panela,
Bolo de fubá com café quente.


Buscava leite, varria o chão,
Às galinhas jogava milhos,
Roupas no varal e prontidão,
E tudo fazia para seus filhos.


Arroz com ovo, quiabo, jiló,
Tutu, carne de lata, macarrão,
Abobora batida, salsa, pirão.


E tudo bem alvo, nenhum pó,
Cantarolava; ser da verdade,
Exemplo na fé e na dignidade.



Raquel Ordones
Uberlândia MG 24/08/15

Gatinho


Gatinho

Um gatinho que miava,
Insistente, bem cedo.
Do lado de fora do portão;
E me veio à mente a cena;
_Será que ele tinha medo?
Que triste era a sensação!
Causou-me por dentro pena
Talvez tivesse com fome,
_Seria um pedir socorro?
Ou seria frio ou dor?
_ Que horror, ai meu Deus! 
De dó eu quase morro!
E se fosse pedindo carinho?
Tão fofo essa bolinha de pelo.
_Já me convenceu, chega de apelo!
_Ta bom, entra gatinho!



Raquel Ordones
Uberlândia MG 25/08/15

Bêbado apaixonado


Bêbado apaixonado

Sentado ali no canto coração grita,
Ardendo, sentindo um amor tanto.
Alma pinta pesar, no corpo negrita,
O desejo de possuir escorre pranto.

Uma paixão no peito pela tez queima,
A bebida na garganta nem é sentida,
E a vontade de dizer: TE AMO; teima,
Quase se percebe a fresta da ferida.

Chora de fato nos ombros da cadeira,
A mesa ampara as lágrimas e enodoa.
A fumaça do cigarro em seu olor voa.

Num guardanapo pisado na algibeira,
Meio imundo, um número de celular,
Beija o copo, se entorpece a se asilar.

ღRaquel Ordonesღ
Uberlândia MG 22/08/15

Paixão poeta

Paixão poeta

Perdido pediu perdão,
Peito pareceu partido,
Punhalado pela paixão,
Poema poetou polido.

Pela pena pulso passou,
Palavras pálidas presas,
Painel preferido pintou,
Publicou puras proezas.

Pós, pedras, promessa,
Pulsa pela pele pecado,
Protesta pouco palpado,

Paixão poeta prega peça,
Profundeza porta poesia
Propala pudor, patifaria.


Raquel Ordones
Uberlândia MG 23/08/15

Musa

Musa

Imagina-se endeusada aquela mulher,
Cabelos ao vento em corpo escultural,
Perfume muito além do bem-me-quer,
Capaz de tirar o sossego descomunal.

Imagina-se a divindade de pé no chão,
E quem sabe a porção de céu na terra,
Alguém de magia que toca o coração,
E a alma em uma idolatria se encerra.

Inventa-se na mente algo que mente,
Uma efígie com contornos intocáveis,
E faz cair o queixo em atos desejáveis,

Imagens que cria o coração, somente,
Toda mulher é musa assim diz o poeta,
Se vista como tal e sua tez ela inquieta.


Raquel Ordones

Uberlândia MG 25/08/15


Escrito egoísta: Eu

Escrito egoísta: Eu

Eu era esperma ejetado,
E enfim êmulo eliminei,
Entrei espaço encurtado,
Envolvida então esperei.

Estive em era encolhida, 
Espremida, esperançosa,
Encapotada e escondida,
Elaboração espetaculosa.

Enfim enflorei em esmero,
Emergi eflúvio; extravasei,
Explicita; então emoldurei.

Energia expressa eu espero,
Em exultação e emocionada
Especialmente engendrada.

ღRaquel Ordonesღ
Uberlândia MG 26/08/15

Meu interior

Meu interior

Espaço de calor, 
em eras frias. 
Poesia 
que se ejeta quente, 
transporta. 
E não importa
se o céu é sol ou chuva
Com flores.
Beleza singular
não tátil à decoradores!

ღRaquel Ordonesღ
Uberlândia MG 26/08/15

Quando eu crescer

Quando eu crescer

_E o que é que está escrito ai, Maria?
_Uma coisa bem bonitinha, Aninha!
_Então me conta, já sei que é poesia!
_Ah é? Como você já está espertinha!

_Cecília Meireles fala das três meninas
Tão felizes que viviam naquela janela,
Uma sempre sorrindo; e eram tão finas
Uma era tão sábia; e a outra era tão bela.

_Maria, parece que ela fala de nós três!
Mas essa pessoa nem conheceu a gente,
Só sei que essa poesia me deixa contente.

_Pois é, Aninha; eu já li mais de uma vez.
Eu confesso que isso me deixou inquieta,
_Já sei! Quando crescer quero ser poeta!


ღRaquel Ordonesღ
Uberlândia MG 27/08/15

Lua de papel

Lua de papel

No caderno dos meus dias sempre escrevo,
Coisas belas e também algumas bobagens,
Há algumas depressões, também há relevo,
Esparjo perfumes no caminho em viagens.


Desenho com lápis de cores meus abraços,
E em alvejada paz coloro toda a cavidade,
Os meus beijos eu ato em vermelho: laços,
Risco as minhas atitudes com a sobriedade.


Meu céu é índigo; entardeceres alaranjados,
Com matizes vivas meu coração é grafado,
E na minha alma tem um arco-íris esboçado.


Pintei com pingos de estrelas meus telhados,
No meu silêncio notívago noto tudo de perto,
Recortei a lua de papel, “flicts” no meu teto.



Raquel Ordones
Uberlândia MG 28/08/15

Venha ver a lua comigo

Venha ver a lua comigo

Sente-se aqui comigo, venha ver quanta beleza,
Sei que com a correria da vida, o tempo lhe falta,
Contemple-a; quão grande é e com tanta leveza,
Não desvencilhe os olhos da lua faça-a sua pauta.

Em sua solidão encantadora é primoroso adorno,
Sempre linda em sua maquiagem e em suas fases,
Perceba como é abissal em seu fulgor e contorno,
Absoluta de si, singular em pluralidades e crases.

Então, sente-se comigo; a lua me parece tão nova.
Tão cheia de mistério, tão crescente de formosura,
E ás vezes é vista minguante na extensão da altura.

Sente-se aqui comigo, e se me beijar a lua aprova,
Observada e voyeur reflete amor se faz completa,
Ciente de que o sol não vem, faz-se musa do poeta.

Raquel Ordones
Uberlândia MG 29/08/15

Broto-me

Broto-me

Essências que chegam e se despejam,
Seivas que surgem do mais profundo,
Inexplicáveis cobiças que relampejam,
E os lances mais pulcros desse mundo.

São coisas minhas que dentro não cabe,
São meus eus em incongruência comigo,
É evento  que nem o meu coração sabe,
Ainda assim minha alma se faz o abrigo.

Sou eu tentando pegar em mim meu eu,
Sou eu com meus eus se inventariando,
Meus eus me enleiam e eu me achando.

Contemporânea; trombo em meu museu,
São passagens tão antigas e coisas do dia,
Broto-me, sendo regada, faço-me poesia.


Raquel Ordones
Uberlândia MG 31/08/15

sexta-feira, 21 de agosto de 2015

Impossibilidade

Impossibilidade

Então @ fofa arroba se apaixona,
& a esbelta barra achou complexo,
Deu Esc, porém já não funciona,
Tocado, não enxergou seu anexo.

E-mail triste buscou dar um jeito,
Entretanto riu emoticonstrangido,
Printou ramalhENTERs do peito,
Infectado o arquivo: já removido.

Formatar-se seria exclusiva saída,
Tentou o download e tudo travou,
Escureceu, sem memória  desligou.

E-eu @ risquei, salvar essa caída,
Digitei no papel a palavra: @braço,
Não deu, arroba veio, barra é espaço.

ღRaquel Ordonesღ
Uberlândia MG 21/08/15


quinta-feira, 20 de agosto de 2015

Contorcionismo

Contorcionismo

E da semente brota a rama,
O tempo a faz adolescente,
Num contorcer iça da lama,
Na ponta botão florescente.

Pequeno ovo se faz casulo,
Contorce embrião borboleta,
No seu existir é um capítulo,
Azul, amarela, laranja, preta.

Constante adequar-se,aceite,
O sentimento dentro não cabe,
Contorce, fica; ninguém sabe.

Corpos contorcem em deleite,
Palavras contorcem em dores,
E ventanias contorcem flores.

ღRaquel Ordonesღ
Uberlândia MG 19/08/15

Memórias de nós

Memórias de nós

E um longo caminho a percorrer em sol,
Poeira do asfalto a impregnar no cabelo,
Com partida bem cedo ainda em arrebol,
Os pensamentos em emaranhado novelo.

Era tanto carinho a ser dado em gritaria,
Tantos beijos sonhando gosto da delicia,
Abraços mais abraços que eram  poesia,
Linha e entrelinha bulinando em carícia.

Os olhos buscavam ao longe a imagem,
E o coração em desesperada taquicardia,
Mãos suando frio, anseios em ventania.

De sonho ao fato, tão sentida passagem,
Corpos desassossegados, sossego a sós,
Já tatuado além alma, memórias de nós.

ღRaquel Ordonesღ
Uberlândia MG 20/08/15


terça-feira, 18 de agosto de 2015

Escre(vi)vo


Escre(vi)vo

Às vezes não devo,
Mas escrevo lascivo.

Escrevo morno também,
qual brisa de fim da tarde,
que nem arde.

Escrevo frio, sei lá! no verão.

Ora abrasador no inverno.
Com o coração estação!

Escrevo folha seca de primavera,
E com flores no outono, enlevo.

Suavemente escrevo borboletas,
em relevo: amarelo, azul, pretas,
Ora denso... tempestade,
cinza letras.

Sou inconstante mente,
mutante;
Humana mente,
na pluralidade dos meus eus
e de alma única!


Raquel Ordones
Uberlândia MG 12/08/15

Esse poema era para você...

Esse poema era para você

Fui ao fundo de mim, campear meus sentimentos,
Vasculhei cada canto para transportá-los ao papel,
Briguei com a caneta:_ Foque, quero rendimentos!
E não se faça de desentendida, não escreva ao léu!

Enfeitei cada curva da letra, corações e florzinhas,
Engomei as palavras, as deixei tinindo, um brilho,
Desnudei-me por inteiras nas linhas e entrelinhas,
Dei a luz pedaço por pedaço de mim, poema-filho.

Exprimi meus eus, expondo todos os meus poros,
Espremi da minha tez sua essência em estamparia,
Imprimi de mim os versos de você; a pura gritaria.

E fiz contornos realçados no papel, pintei os toros,
Vi-me impressa em amor, tudo de mim aos molhos,
Perdi o trabalho; você leu tudo isso em meus olhos.


 Raquel Ordones
Uberlândia MG 14/08/15

Saudade de ser menina

Saudade de ser menina

Saudade é essa marca que fica dentro da gente,
Esse para sempre gravado na alma e toda parte,
Essa coisa que bate à porta de um jeito inocente,
Esse passado e presente brincado e fazendo arte.

Saudade de ser menina de cabelos desgrenhados,
Ora uma trança, um rabo de cavalo e pé no chão,
Uns vestidos na canela com tecidos estampados,
Uma alacridade, o sorriso que nascia do coração.

Saudade de ser menina, uniforme branco e azul,
Saia rodada e plissada, cadernos num embornal,
Conga marinho bico branco e na escola o jogral.

Saudades de ser menina, sem destino norte e sul,
Sem compromissos, quase livre feito passarinho,
Deus no céu, papai, mamãe a guiar meu caminho.


Raquel Ordones
Uberlândia MG 17/08/15

Telefonemas que não fiz

Telefonemas que não fiz

Foram tantas palavras guardadas, não quiseram sair,
Ou quiseram? E fui eu quem não as deixei propagar,
Tanta verdade engolida, talvez causasse o teu sorrir,
Desceu-me garganta abaixo com um gosto de chorar.

Quantas vezes peguei o telefone e não tive coragem,
Quantos sentimentos arquivados perdendo o sentido,
Quanto amor quebrando silêncio, pedindo passagem
Quanto querer; tanta saudade e tanto tempo perdido.

Quantas madrugadas me senti só e te ouvir precisava,
E quantos gritos engoli, quantos emoções eu camuflei,
Quanta coisa sentia e na hora só me vinha: Eu não sei!

Quantos anseios abortados, quanto mal me acarretava,
Quantas vezes o receio me constrangeu e eu não quis,
_Havia tanto “eu te amo” nos telefonemas que não fiz.


Raquel Ordones
Uberlândia MG 18/08/15

terça-feira, 11 de agosto de 2015

Rede social

(imagem do Google)
Rede social

Terra de todos, terra de ninguém,
Uma realidade carregada de fakes,
Desbotadas e abarrotando makes,
Gente maneira e que quer o bem,
Gente do cão, carregado também,
Cadê o botão para clicar que odiei?
E a privacidade onde está, nem sei?!
É esperar muito uma vida privada,
Às vezes uma casinha destampada,
Eu que aguente, porque me cadastrei?

Gente que posta o dia todo: Jesus!
Olha que as conheço, não é assim,
No dia-a-dia é uma guerra sem fim,
Excomunga o mesmo pela sua cruz,
Não enxerga em nada nenhuma luz,
Cadê o botão para clicar que odiei?
E a privacidade onde está, nem sei?!
É quase um esgotar ao céu aberto,
Não sei o que dizer sobre, ao certo,
Eu que aguente, porque me cadastrei?

Pessoa se passando pelo que não é,
E fotos roubadas no perfil ela bota.
Vai fazer alguém de trouxa, idiota,
Está cheio de “podrinho” e “Mané”
Falta de respeito sabe como é que é!
Cadê o botão para clicar que odiei?
E a privacidade onde está, nem sei?!
Porque eu não escrevo um diário?
O português pede outro dicionário,
Eu que aguente, porque me cadastrei?

É  gente sem nenhuma consciência,
Quase posta selfie fazendo um e dois,
Não aceitam nenhuma critica depois,
Deus!Precisa-se de muita  paciência,
Fora os: oh vida! oh azar! Sofrência,
Cadê o botão para clicar que odiei?
E a privacidade onde está, nem sei?!
E é tanta gente fina sendo petulante,
Gente humilde sentido se importante,
Eu que aguente, porque me cadastrei?

Chão de coisa interessante e porcaria,
De imagens perfeitamente admiráveis,
De coisas deprimentes e insustentáveis,
De política e a sua história de anarquia,
Família, festa, namoro, vídeos e folia,
Cadê o botão para clicar que odiei?
E a privacidade onde está, nem sei?!
É gente que aparece para fazer intriga,
Tem tanta gente adoravelmente amiga,
Eu que aguente, porque me cadastrei?

Tem pessoas lindas que eu conheci,
E tantos amores que se externaram,
Tantas alegrias que ali começaram,
Perdidos que foram encontrados, vi,
Lindos poemas e mensagens que li,
Cadê o botão para clicar que odiei?
E a privacidade onde está, nem sei?!
Ferramenta, impregnando de carma,
Nas mãos erradas tornando-se arma,
Eu que aguente, porque me cadastrei?

ღRaquel Ordonesღ
Uberlândia MG 10/08/15



Saudade

Saudade

Sabe quando você sente algo enorme no peito,
Que se esparrama por todo o ser então entorna,
Um ar que sufoca, ao mesmo tempo é rarefeito,
Às vezes tão leve, outras vezes se faz bigorna?

E sabe quando existe alguém dentro do seu ser,
Que você precisa com urgência tirá-lo para fora,
Quando você acha que simplesmente vai fenecer,
Quer o corpo, o toque, o beijo e carinhos, agora?

Sabe quando a lágrima fica fácil e há riso ligado,
Quando esse sentir faz de você alguém boboca,
E quando você fica meio voado e em nada foca?

_É tão bom o coração com tudo isso carregado,
Mas a melhor parte desse sentimento embutido,
É saber por esse alguém que ele é correspondido.

ღRaquel Ordonesღ
Uberlândia MG 11/08/15


domingo, 9 de agosto de 2015

Notas sobre mim...


Notas sobre mim...

O dia foi tão habitual, era quinta feira; já tinha ouvido aquele canto do passarinho noutra manhã, talvez ele só tivesse aquele arranjo, talvez fosse a sua composição primeira e única.
O sol era o mesmo de sempre, talvez um pouco mais velho e mais quente, não tão diferente de outros dias, ele não tem marcas visíveis do tempo.
As nuvens não vieram, ele reinou o tempo todo sozinho em sua poltrona áurea.
O vento eu não sei ao certo, é tão efêmero, tão sem apego, talvez fosse novo por aqui, porque o de ontem talvez esteja longe, mas sem certeza. Eu não sei se ele volta, também jamais saberia, caso ele retorne, a essência seria outra.
Aquela árvore em frente ao meu portão, eu tenho certeza de que não era a mesma, ali no chão haviam várias folhas desfalecidas ressecando, ainda assim ela bailava, talvez por estarem nascendo outras folhas novinhas no rotativo do seu existir. Não vi seus olhos, mas o verde tinha brilho.
A caixa de e-mail, nada tinha em negrito, com algumas correspondências antigas, mas não estava esperando nada importante.
Somando os versos escritos, formou-se um soneto, não o melhor deles, ainda assim, interessante. Um risco aqui, outro rabisco ali cosendo poesia com linha colorida.
A noite chegou com frescor, a pele arrepiava isso; a lua luxuosa e singular em sua cátedra rodeada por uma ciranda de estrelas.
_ Tão bom vê-las!
O interruptor é desligado, o escuro abanca-se do quarto, quebrado apenas pela luzinha do modem.
_O Silêncio e o escuro se dão tão bem, incrível!
E se você me perguntar!
_Cadê as notas sobre você?
_As minhas notas? Não nota? Estão espalhas por todo canto, com DÓ da tristeza, pelas bandas do SOL.
FÁ LÁ – MI SI é capaz, não as percebe? Então anota:
_Quero ser até depois do depois a RÉ sem nenhum arrependimento dessa emoção;
Eu nunca disse que era o meu amor, mas sempre fiz questão que soubesse disso.

Raquel Ordones

Uberlândia MG 06/08/15

Pa(s)sarinho

Pa(s)sarinho

Parreiras, pomares
Perpetram purezas
Paredões, palmares
Profanam prestezas.

Passarinhos pousam
Porões, paus, portais
Prédios, pedra, pisam
Pequenos pés pardais.

Por perto paira pena
Permanência, poeira
Passarinho poleira.

Piu! Preleção plena
Protestando paz, pia
Pede: preciso poesia.

Raquel Ordones

Uberlândia MG 06/08/15

Sabe do que tenho vontade?

Sabe do que tenho vontade?

Quero poder andar livre pelas tuas ruas
Sentir olor e espalhar-me em teu jardim,
Quem sabe poder ser uma das tuas luas,
E arrancar teu irrefletido sorriso marfim.

Ter acesso em tuas cercas, teus portões,
Ter a chave das tuas portas e aposentos,
Subir e descer tua escada sem corrimões,
Morar na gaveta dos teus pensamentos.

Poder pintar e bordar  teu teto e parede,
Assentar-me em tuas cadeiras e poltrona,
Distante de me apoderar ou ser tua dona.

Tenho vontade de dividir contigo a rede,
Talheres, copos; porque não a tua cama?
Ser inquilina de ti, louca, mas que te ama.

ღRaquel Ordonesღ
Uberlândia MG 09/08/15


quinta-feira, 6 de agosto de 2015

Não se maquia o amor

Não se maquia o amor

Se não existe amor, é inútil o seu invento,
Não há gloss algum que realce seu brilho,
É como se prendesse entre dedos, o vento,
Canção sem rima, de mau gosto estribilho.

Não há base que acoberta as deformidades,
Em um delinear cheio de vazio de um nada,
É um pó compacto que anoitece claridades,
É um rímel que borra... À cegueira fadada.

São máscaras que ofuscam toda a essência,
Blush faz-se escorrido por lágrimas quentes,
Entristece olhos a lápis preto, não atraentes.

É inacessível o salão; ou difícil permanência,
O batom reflete no espelho um falso sorriso,
Imo falso necessaire não maquia um paraíso.


Raquel Ordones
Uberlândia MG 04/08/15

Colheita

Colheita

Carinhosamente cavo, causa colocação,
Cada canto cabe coroa, clorofila, cores,
Composto com calcário cobrindo chão,
Camélias, centáureas carreando calores,

Corajoso carvalho cobre céu com cisão
Cacto crespo choraminga caso cerceado,
Cipreste com copa cabeleira, coloração,
Curto caminho com carreiro cascalhado.

Cato cachos com cravos creme, corais,
Corto caule crisântemo carinhosamente,
Cantarolo com coração, coisa contente.

Canteiros construídos, correnteza, canais,
Cesta, capa, chapéu, cabeço cultivo cabal,
Chuva constrói cenário, carinho celestial.

. Raquel Ordones
Uberlândia MG 06/08/15