sexta-feira, 27 de janeiro de 2023

Infância

(imagem do Google)

Infância

 

Na fazenda, verdes prados, belo regato;

Mato abraçando a velha casa; sem legenda;

Renda por sobre a mesa; na janela o gato.

Fato incrível: cana espremida na moenda.

 

A fenda do paiol por onde entrava o rato.

Nato roedor. Perigo!  Deus me defenda!

A venda, cujo dono era o senhor Mulato.

Pacato lugar; comprava minha merenda.

 

Tremenda cocheira; seis cavalos e o gado.

Cercado de porcos; colheita de feijão.

Plantação do arroz após o terreno arado.

 

Cuidado jardim, cravos e roseiral.

Quintal varrido; uma horta de bambu lascado.

Reinado meu; uma princesinha temporal.

 

Raquel Ordones – jan. / 2023

Uberlândia MG

Quando o podre é prato e sobremesa

Quando o podre é prato e sobremesa

  

Espia o pássaro negro; sem cheiro.

Sorrateiro; com barriga vazia.

Utopia talvez; mais um olheiro.

Ligeiro em voo; fome em demasia.

 

Espia o movimento; natureza.

Frieza; aos demais em parceria;

Porcaria empanturra: faz se a mesa;

Presa fácil; podridão; se sacia.

 

Espia, espia. Prato e sobremesa;

Certeza que o podre traz alegria.

Em via do pecado; culpa ilesa.

 

Malvadeza não; é categoria.

Agracia-se o urubu sem fineza.

Surpresa nenhuma, sorve a avaria.

 

Raquel Ordones – jan. / 2023

Uberlândia MG