domingo, 30 de abril de 2017

Laços de nós

Laços de nós

Já temos um passado; é só nosso,
E posso garantir pura magia,
Poesia que todo instante endosso,
Esboço-me de sol e ventania.

Alforria de mim, meu eu desnudado,
Doado ao seu eu, tão livre e descalço,
Realço-me com cerne florejado,
É sonhado presente, num voo alço.

E calço-me de anseios com verdade,
Em singularidade, ora plural,
Carnal e alma total insanidade.

Idade não tem; corre natural,
Surreal; somos dois numa unidade,
Umidade em sintoma visceral.

ღRaquel Ordonesღ #ordonismo
Uberlândia MG 


segunda-feira, 24 de abril de 2017

Anotações

Anotações

... E ela chegou ao mundo, numa madrugada qualquer, era agosto e fazia frio, nua e sem GPS, encarou o desconhecido, cresceu, mais intelectualmente do que fisicamente e nem por isso deixou de ser forte, evolui para caramba, até tirou algumas notas 10. 
Detesta padrões que na verdade são tentativas de domesticações, enxerga com a alma, admitem os medos, a sinceridade nos sentimentos tem peso maior.
Decidiu ser quem é. Os caminhos não foram fáceis, inda assim aprendeu a parar e enxergar as flores que neles existem, e aprendeu mais ainda, a enxergar os besourinhos que nelas passeiam.

Raquel Ordones

domingo, 23 de abril de 2017

Nossa música

Nossa música

Suaves, notas nascem meio lentas,
Atentas no sentir e nada graves,
Chaves de nós acendem tão sedentas,
Barulhentas loucuras em conclaves.

Aves de almas com voos e de ninhos,
Desalinhos na letra, ordem de rimas,
Climas se misturam em burburinhos,
Moinhos de nossas lufas e tão íntimas.

Vítimas de voz, livres em viagens,
Aragens que afrescam afinação,
Confissão musicada, tatuagens.

São miragens de sonho, essa canção,
Composição do Rei em altas voltagens,
Filmagens: eu e você; tanta emoção...

ღRaquel Ordonesღ #ordonismo
Uberlândia MG 

domingo, 16 de abril de 2017

Fé, dor

Fé, dor

A fé nos move._ Qual é o caminho?
Desalinho no passo da ganância,
Ignorância nos fere qual espinho,
Redemoinho na mesa em abundância.

Importância nenhuma tem o ser,
O ter anda gritando bem mais alto,
É assalto sem almas, a entender,
Prender é impossível, do ato um salto.

Pauto no verso, falta do respeito,
O sujeito faz uma lei e a transgride,
Agride e rasga; pesa todo peito.

Tem jeito? Tudo vem à tona, incide,
Se revide apontado pelo feito,
Leito em vida, fé, dor, o imo divide.

 ღRaquel Ordonesღ #ordonismo
Uberlândia MG

sexta-feira, 14 de abril de 2017

...

Existia em mim, velocidade,
Nos carros de tuas anotações
desbarranquei-me em tua grafia...

ღRaquel Ordonesღ

Nosso mundo

Nosso mundo

Criou-se, mas foi assim tão de repente,
É que a gente não sabe: por que flores?
As cores aquarelam bem à frente,
Na lente da tez se corre ardores.

Motores de nós é essa vontade.
Sem igualdade no dentro transborda,
Acorda um sol de raio em liberdade,
A saudade que em tudo concorda.

Recorda um amanhã, não o passado,
Calado de um segredo que é nosso,
Endosso-me, meu ser doa aprovado.

Estrelado céu, sua boca almoço,
Posso até parecer-me um ser alado,
Ao seu lado, nosso mundo; alvoroço.

Raquel Ordones #ordonismo

domingo, 9 de abril de 2017

Na cidade de mim


Na cidade de mim

Entrou, vindo de suas rodovias,
Cotovias e ventos, rapidez,
E lucidez perdeu nas poesias,
Frenesia; se via em nitidez.

Talvez fosse melhor o acostamento,
O sentimento jamais tolerou,
Acelerou voando em pavimento,
Momento exato em que me atropelou.

Cantou pneus em minhas avenidas,
Exibidas freadas pelas ruas,
Suas canções, calçadas florescidas.

As fidas buzinadas, meias luas,
Duas em uma, choque sem feridas,
Detidas, alma na alma, agora nuas.


Raquel Ordones #ordonismo
Uberlândia MG 

sexta-feira, 7 de abril de 2017

Poesia Impulsiva

Poesia impulsiva

Arrebata, chega e sai pelos dedos,
E medos não têm, nem de ser ridícula,
Película, almas e tantos segredos,
Enredos vários, curvas e retícula.

Cutícula rasura; imo profundo,
Mundo de flor, espinhos mil, avulsos,
São impulsos do dentro e oriundo,
Vagabundo sentir; sentir nos pulsos.

Convulsos pensamentos em anseios,
É sem freios, isentos da vergonha,
E sonha com absurdos devaneios.

Em recreios, lençóis, mitos e fronha,
Risonha feição, choros e entremeios,
Passeios loucos em pua de cegonha.

Raquel Ordones #ordonismo
Uberlândia MG 

quinta-feira, 6 de abril de 2017

Poema corp(o)ral

Poema corp(O)ral

Rodapé, cabeçalho, pés, cabelos,
Os novelos em cachos; passos, fé,
Pontapé no descuido, apenas zelos,
Desvelos, olor, meias e chalé.

Café desperta, mente é sadia,
Poesia a se jogar sem corrimão,
Na mão força, no verbo bruxaria,
Sinestesia no cheiro da visão.

Ação no corpo rege; é desejo,
É lampejo lascivo; funde a cuca,
Maluca sensação que pede beijo.

Sobejos arrepios vindos da nuca,
Muvuca, na pele marca o ensejo,
Gracejo de menina, ora caduca.


Raquel Ordones #ordonismo
Uberlândia MG 

quarta-feira, 5 de abril de 2017

O primeiro "eu te amo"


O primeiro “eu te amo”

É absoluto, tira o pé do chão,
A sensação é de voo, infinito,
Um negrito neon; é um clarão,
Emoção destroçando em um agito.

Delito aceito; é sublimação,
É satisfação d’alma, é mitigo,
É abrigo suspenso, devoção,
Sem fração! _ Irrestrito digo!

É um ‘instigo’ tão sem precedente,
É mente que tropeça num olhar,
Um roubar de palavras inocente,

Lente de essência; é cerne a falar,
Admirar pelo dentro e pela frente,
Tão quente, coração e carne: amar.


Raquel Ordones #ordonismo
Uberlândia MG – 05/04/2017

terça-feira, 4 de abril de 2017

Outonamos

Outonamos

As tardes nos abordam mais afáveis,
Amigáveis manhãs, um tanto frias,
Regalias em nós, coisas memoráveis,
Infindáveis são nossas poesias.

Há euforias nas noites, brilho em nós,
E pós se vão, tal qual folhas ao vento,
Lamento nenhum; tom baixo da voz,
Sós, notívagos, brasa, sentimento.

Momento singular cabe na gente,
Na mente e mundo nada desvirtua,
Crua língua, dizer inconsequente.

Em vertente estação abre flor nua,
Flutua seu querer, minha escorrência,
Em ardência outonamos pela rua...


Raquel Ordones #ordonismo
Uberlândia MG 

segunda-feira, 3 de abril de 2017

Era outra vez...


Era outra vez...

Tinha uma formiguinha na parede,
Sua rede estendeu; olhando a pia,
Ria às vezes, tinha fome e sede,
Vede, andava distante, mas sem guia.

Fugia muitas vezes, queria estar só,
Cipó na cortina fazia aventura,
 Rapadura roía; deixa em pó,
Nó no saco de açúcar, que doçura!

Loucura era viver naquele espaço,
Pedaço pequeno caiu lhe a ficha,
Em rixa antiga, sem nenhum abraço.

Descompasso diário, vida micha,
A bicha olhuda atenta no seu passo,
 Baço à vista, a branca lagartixa.


Raquel Ordones #ordonismo
Uberlândia MG – 

domingo, 2 de abril de 2017

Viaje para mim


Viaje para mim

E transponha as distâncias, os receios,
Os anseios à frente, dome estrada,
Dê a largada, tire os pés dos freios,
Devaneios, urgente à chegada.

Na calada da noite então embarque,
Abarque na vontade junta a minha,
Desalinha sua alma no meu parque,
Desembarque-se na minha entrelinha.

Aninha em mim igual uma criança,
E dança no meu ser, em meu chuvisco,
Arrisco, invento-me na sua andança.

Trança seus eus aos meus em um rabisco,
Hibisco de beleza em mim avança,
Lança-me, apeie e seja-me belisco.


Raquel Ordones #ordonismo
Uberlândia MG