quarta-feira, 30 de setembro de 2015

Balé de amor

Balé de amor

Vestida de poesia
despi minha alma;
Com ponta de dedos
Dedilhei teus segredos;
Criei alguns passos,
E te cobri com meus desejos,
E em teus abraços
a volúpia; cacei.
Aticei o teu corpo
E mais uma vez
Inventei cenas
Soltas e obscenas,
Rodopiei em tua tez,
Embriagamos-nos em beijos
E nos aplaudimos em silêncio!

Raquel Ordones
Uberlândia MG 28/09/15

Quis fazer um ceu


Quis fazer um céu

Então risquei em azul um espaço sem muretas,
Pensei em algo infinito de um colorido perfeito,
Fiz confins em nuanças, quase se via borboletas,
Exigi tudo de mim, que a lua não tivesse defeito.

E o lápis azul não deu, pois era tanta coloração,
Com o lápis laranja derramei nos entardeceres,
Com a cinza pintei as cavidades de precipitação,
E os meus pensamentos em ventos e quereres.

Azul claro e verdoso; pintei cada gota de chuva,
Peguei o restante da caixa e arco-íris; desenhei,
Meus olhos se depararam com lágrimas, chorei!

O amarelo sol; trovões pretos e relâmpagos uva,
Nuvem solta tal qual almofada, não quis detê-la,
Espero-te nas noites e sonho-te a minha estrela.

ღRaquel Ordonesღ
Uberlândia MG 29/09/15 
*Soneto infiel – sem métrica

Era uma vez

Era uma vez...

Era uma vez, uma menina de cabelo liso e claro,
De olhos sinceros e brilhantes, pintados de mel,
De sorriso escancarado, franco, de um jeito raro,
Sua alma era bem maior do que um arranha-céu.

Inteligente era ela, e o seu humor era invejável,
Tinha um vestido de chita, barrado com flores,
O seu carinho um tanto verdadeiro e incobrável,
Seu coração era feito arco-íris, festejo em cores.

Era uma vez uma menina,  agora se fez mulher,
Seus cabelos escureceram porem encaracolados,
Os seus olhos se mantiveram e sorrisos rasgados.

A inteligência poliu-se, o vestido não mais quer,
Seu humor é da essência, o coração é tão gigante,
Era uma vez uma mulher; menina a todo instante.

Raquel Ordones
Uberlândia MG 28/09/15


*soneto infiel – sem métrica

Minha moda eu crio

Minha moda eu crio

Nas passarelas da vida faço minha estação,
Calço na cara sorriso de fivela destravada,
Visto na alma a mesma estampa do coração,
Nos olhos uso brilho de forma extrapolada.

Desfilo humor em longas passadas e abuso,
Nos cabelos a nuança que o vento acaricia,
A adulteração na minha estética eu não uso,
E a balança não desdenha, nem faz gritaria.

Na boca verbo bonito e pulsa no rosto a luz,
Lábios escancaram muito mais que holofote,
Essência despida, em tendência para o mote.

Na flor da pele a poesia, impresso que seduz,
Não moldo primavera e muito menos o estio,
Outono-me no inverno, a minha moda eu crio.

Raquel Ordones
Uberlândia MG 25/09/2015

*soneto infiel – sem métrica

Em teus braços

Em teus braços

E eu dancei e rodopiei naquele salão,
Espargindo misto de perfumes de nós,
Desci do céu, arco-íris sem corrimão,
O teu corpo em mim, tua mão no cós.

Dancei!De rosto e tez colados, valsei,
O teu coração no meu, batida perfeita,
Em alguns descompassos  improvisei,
E em teus braços tua dançarina eleita.

E o vento tocava na mesma cadência,
Dançavam e roçavam aquelas cortinas,
Lambiam-se à mira das minhas retinas.

Da noite um convite em tua ardência,
A dança de nós, o hálito, então o beijo,
Sonhar-te outra vez; meu maior desejo.

Raquel Ordones
Uberlândia MG 24/09/15

*soneto infiel – sem métrica

Eu queria ser (sua) poesia

Eu queria ser (sua) poesia

Sabe aquela poesia que fala de uma grande ternura?
Aquela que é intensamente declarada com sutilezas?
Sabe aquela poesia que carrega a gente para a altura?
Aquela diária com palavras sem rotina e há certezas?

Sabe aquela poesia cuja linha não chega a um ponto?
Aquela onde vírgula é somente pausa e a gente beija?
Aquela sem interrogações; exclama o amor e pronto?
Sem aspas, clara para que só sentimentos a gente veja?

Sabe aquela poesia onde a gente, somados só dá nós?
Onde a entrelinha diz muito mais que toda expressão?
Sabe aquela poesia explicita onde não há imprecisão?

Então, queria ser sua poesia, a gente fosse uma só voz,
Queria que a gente fosse criança em nossa maturidade,
História, sensações e anseio não obstante à nossa idade.

Raquel Ordones
Uberlândia MG 22/09/15

*soneto infiel – sem métrica

Cadeia alimentar

Cadeia alimentar

_Cheguei; e é grande o meu apetite!
_Então...É que eu sou tão pequeno!
_É nada, pequeno é o meu alpiste!
_É que em grande porção é ameno!

_E você não vai tirar a minha idéia,
Bater asas meu rouba tanta energia,
Você é tão gostoso feito uma geléia,
Rima no amor e sabor dessa poesia!

_Por favor, não tenho gosto apetitoso,
Não seria capaz de encher sua pança,
Não vê, sou tão somente a esperança?

_É? Desculpe se me fiz desrespeitoso!
Não vi direito todos os adjetivos seus,
O olho da fome não o viu louva-a-deus!

Raquel Ordones
Uberlândia MG 21/09/15

*soneto infiel – sem métrica

Volúpia

Volúpia

Letrinhas que se esfregam em letrinhas,
Excitam as palavras, retesando o verso,
Eleva-se a saia, fica a mostra entrelinhas,
E se jogam na orgia em lascivo universo.

Amor, volúpia e saudade na mesma cena,
Em devassidão se enroscam com o beijo,
O corpo do poema se toca; obra obscena,
Então cresce, cresce, cresce esse desejo.

Masturba-se o pensamento com pujança,
Os sentimentos legítimos são ejaculados,
E um êxtase se faz no papel arremessado.

Arrebatamento pueril, néctar e esperança,
Cópula de vísceras numa entrega e magia,
Suores e perfumes se permutam na poesia.

Raquel Ordones
Uberlândia MG 20/09/15

*Soneto infiel - em métrica

Almas que se abraçam

Almas que se abraçam

Sem mais nem porque a gente é tocada,
Por um olhar, gestos, palavras e sorriso,
E a gente se percebe assim, abobalhada,
Os sentimentos vão e voltam em rodízio.

Quando a gente é correspondida é irado,
As almas se abraçam no mesmo instante,
E fazem carinho uma na outra, é tão raro,
Uma luz paira, o sentimento é “inoxidante”.

E um gesto se torna tão precioso, encanta,
Palavras se fazem viciosas, até simples oi,
Olhos e sorrisos é teia, não sabe o que foi.

Inda distante; almas se ligam afeição tanta,
É perfeito lance, inacreditável esse arranjo,
Então, desconfio que ai, tem dedo de anjo.

ღRaquel Ordonesღ
Uberlândia MG 30/09/15 

*Soneto infiel – sem métrica

sexta-feira, 18 de setembro de 2015

Nossa Música


Nossa música

Suave, entre sons e entretons, explícita nota.
Cheia de amor verdadeiro, algumas proezas,
Que a loucura se faça, com  felicidade brota,
Onde se tinja todas as cores em suas levezas.

Que o vento saiba cantarolar; e a letra decore,
Que a esverdeada árvore baile, e de cor mude,
Que o silêncio selecione um canto, nele more,
Que toque o intocável, até o interior mais rude, 

Que nossa música umedeça em afeto as almas
Que seja tal qual a chuva, que chega e envolve,
Talvez feito o sol que toda a frialdade absorve.

Nossa música, notas que afagam e bate palmas,
Nós expressos ali em caracteres e charge bonita,
E sonho em lê-la e cantá-la, mas nem foi escrita.

ღRaquel Ordonesღ
Uberlândia MG 14/09/15

Somos infinitamente exatos

Somos infinitamente exatos

Há um carinho em mim, que até você cresce,
Em contrapartida a sua meiguice me alcança,
Passa dia e passa noite, sol e chuva: fortalece,
Elos de pontas abertas que um alvedrio lança.

Existe uma conivência sem mais nem por que,
Convive uma disponibilidade entre nossos eus,
Sem cobrança,  valor é imensurável, isso se vê,
Inda ausente se fez presente,  bênçãos de Deus.

E em nossas linhas, apesar dos nós, somos nós,
Temos tanto em comum e tão dessemelhantes,
Palavras soltas ou frases se fazem importantes.

E há uma verdade em mim que em você é voz,
São medidas emotivas que nos levam aos fatos,
E em nossos limites somos infinitamente exatos.

ღRaquel Ordonesღ
Uberlândia MG 15/09/15

A primavera vira a esquina


A primavera vira esquina.

Tempo lindo, tempo cores, tempo flores,
Tempo perfume, tempo alegria aos olhos,
Tempo de beijos, abraços, tempo amores,
E tempo de ocorrências boas aos molhos,

Estação de rosas, poesias, versos e prosas,
Estação de trem da esperança e apitos mil,
Estação de declarações e tão belas glosas,
Estação de partos, semente que botão pariu.

Era primavera, dança de pétala, tonalidade,
Era de néctares, de polens e de borboletas,
Era de fragrâncias de lavanda nas gavetas.

Momentos singulares em  sua pluralidade,
Efêmera presença; no coração se perpetua,
Obra Divina; reza-se homilia; minha e sua.

ღRaquel Ordonesღ
Uberlândia MG 18/09/15


domingo, 13 de setembro de 2015

Me tome para ti

Me tome para ti

E depois do teu trabalho eu te espero,
Inda que entre no bar pra uma cerveja,
E não esqueça: mesmo assim te quero,
Somente a tua tez a minha tez deseja.

Talvez uma única cerveja não te baste,
Tome quantas tiver vontade e venha,
E não existe nada que de ti me afaste,
Nem cigarro, nem jogo, nem resenha.

Imagina, não quero ser a tua primeira,
E nem tampouco o teu primeiro beijo,
Quero que me deseje: o único desejo.

Eu te espero na porta tão verdadeira,
E me tome, quero-te depois de tudo,
Diga-me ‘Amo-te’ com seu roço mudo.

ღRaquel Ordonesღ
Uberlândia MG 02/09/15

Ninho de sonhos

Ninho de sonhos

Sonhei com você outro dia, não vi seu rosto,
Do sonho  me recordo;  foi tão interessante,
Tive certeza que era você, alinhado no posto,
Minh’ alma reprisa esse filme a todo instante.

Depois eu sonhei novamente e foi tão breve,
Sabia que você estava ali, era minha certeza,
Seu jeito tão cuidadoso, tão gentil e tão leve,
E me recebia nos braços com tanta presteza.

E na noite passada em sonhos você me veio,
Com um sorriso bem rasgado e tão disponível,
Tão mágico esse sonho, tão bom, tão incrível.

Hoje talvez sonhe; _ Venha para meu enleio!
Tateie com  seus olhos, meus olhos risonhos,
E pouse, não ice voo do meu ninho de sonhos.

ღRaquel Ordonesღ
Uberlândia MG 01/09/15

Meus eus


Meus eus

Há em mim uma paz que salva o mundo,
E por outro lado há uma guerra infernal,
Há em mim um jeito angelical, profundo,
E há também um jeito animalesco abissal.

Há em mim a rosa rebentando sutilmente,
Há um espinho que não pestaneja em ferir,
Há lágrimas que dimanam torrencialmente,
E que se evaporam ao perceber meu sorrir.

Jaz em mim um lado santo, uma bondade,
E um lado demônio que de mim se apossa,
Sou branco, sou preto, sou perfeito e joça.

Meus eus se aceitam, arreliam: disparidade,
Na bipolaridade de mim o singular se anexa,
Às vezes sou côncava, outras vezes convexa.

ღRaquel Ordonesღ
Uberlândia MG 02/09/2015

Cheguei


Cheguei

_Estou aqui de pé à porta do teu coração, veja,
Trouxe o mínimo de bagagem, pouco passado,
Somente o necessário, que minha vida almeja,
Espero que esteja me esperando inda acordado.

Abra a tua porta, deixe ventar as tuas cortinas,
Permita-me sentir o aroma de lar do teu cerne,
Apresente o teu sorriso para as minhas retinas,
Aqueça-me em ti, que teu coração me hiberne.

_Sente-se no meu viver, deite-se nos meus eus,
E todos os meus acessos são teus, entre agora,
Me prometa, por favor, que jamais irá embora,

Tua história me faz parte, meus registros, teus,
Somos “uno”; por todo meu ser tens passagem,
Abro-me a ti, fecho-te em mim à nossa viagem.

ღRaquel Ordonesღ
Uberlândia MG 01/09/15

Efeitos e causas por ti


Efeitos e causas por ti

Às vezes quase filtro o teu perfume ao vento,
É que ele decorre tão acelerado, mas eu sinto,
E uma vontade de tocar-te por um momento,
De tocar-te não, de ter-te, por pouco eu minto!

Sabe assim quando tu tens fome de presença?
Ou uma vontade de beber em concreto estado?
Sabe quando tua tez pelo toque nutre a crença?
Então: meio insano, meio simples e complicado.

Sabe quando tu encostas os olhos e só sente?
Quando uma força maior te possui e te invade?
E tu voas, viajas, flutuas, em tanta ambiguidade.

O teu existir me causa esse babel, é tão quente,
Jaz-me uma saudade desmedida que alicia, grita,
Narcotiza, endoida, delicia e todo meu ser excita.

ღRaquel Ordonesღ
Uberlândia MG 03/09/15

Nem com travesseiro na cara

Nem com travesseiro na cara

Se ela era feia? _ Não, ela era horrível, coitada!
Porque tão assustadora assim, que mal ela fez?
Causava espanto, a sua voz era tão desafinada,
Todos a olhava, não criam, olhavam outra vez.

A beata resolveu por vontade ser uma quenga,
A igreja no mesmo instante lhe apontou o dedo,
E a família em pé de guerra o dia todo arenga,
Para encarar a fera não era permitido ter medo.

Sorriso mineral parecia de uma pedra, extraído.
E o seu andar também não lhe ajudava em nada,
Bunda não tinha só o lugar, mas não foi colocada.

Olhos enviesados, verrugas e um sovaco fedido.
Peitos estrábicos; cada um olhava para um lado.
Nem com travesseiro na cara o ato é consumado.

ღRaquel Ordonesღ
Uberlândia MG 05/09/15

Fotografia

Fotografia

Era ele; dos seus olhos os detalhes,
E no semblante a jovialidade bonita,
Os seus lábios verdadeiros entalhes,
A sua alma quase mirava ali, negrita.

A saudade não veio, já vive em mim,
E seu sorriso eu imaginei, o conheço,
A sua textura é deliciosa em carmim,
O seu ósculo quase sinto e apeteço.

Ouriça meus sentimentos em cores,
Absorta me jogo, sua efígie é poesia,
Minha imaginação é insana e dá cria.

De sua fotografia vêm sons e olores,
A maciez do cabelo nos meus dedos,
O alvitre de um cavalgar sem medos.

ღRaquel Ordonesღ
Uberlândia MG 06/09/15

Sobre ele

Sobre ele

Como o sol que mesmo nascendo todos os dias é esperado,
Como a lua que fulgura sem pausa e todo crepúsculo a louva,
Como o vento que oscula dócil antes mesmo de ter passado,
Como a borboleta que se “descasula” em graça de sua alcova.

Como o pássaro que arrebata ao pronunciar a sua meiga voz,
Como a flor que eclode disseminando suas doces fragrâncias,
Como a chuva afável que deleitada pela terra embebe os pós,
Como a noite e o dia são tão imperiais em suas discrepâncias.

Como a música que traz na víscera o toque profundo na alma,
Como os lábios beijados têm várias texturas e tantos sabores,
Como se o amor deitasse em apenas um lugar tantos amores.

Impressões sobre ele, pelas quais qualquer coração bate palma,
Como a perfeita poesia, não escrita e por todo poeta  aspirada,
Além do mais é surpreendente, me faz boquiaberta, encantada.

ღRaquel Ordonesღ
Uberlândia MG 07/09/15

Estou indo; com algumas condições

Estou indo; com algumas condições

Não quero todo teu coração, nem sou egoísta a esse ponto,
E nem quero preencher todos os espaços da tua existência,
Ah, também não quero tomar todo o teu tempo, já te conto,
Não quero que sejas unicamente meu... Minha pertinência.

Não quero que faça todos os meus gostos, na verdade, exijo,
E não quero que tente adivinhar o que estou querendo agora,
Não quero que concorde com todas as opiniões que eu redijo,
Respeitarei os teus “sins” e teus “nãos”, mas não me ignora.

Não quero furtar tua identidade e muito menos te fazer nulo,
Não quero que me envie todas as flores, prefiro tua atenção,
Não quero que seja de todo certinho, te quero fora do padrão,

Quero um canto no teu coração, porções do teu verbo chulo,
Um bocadinho do teu tempo, mas que me venha por inteiro,
Dê-me um cantinho na tua cama e teu sentimento verdadeiro.

ღRaquel Ordonesღ
Uberlândia MG 09/09/15

Promessas

Promessas

As palavras se perdem; é sem viscosidade a folha,
Em instantes evaporam; quem se lembra amanhã?
Sozinhas são só palavras não define a sua escolha,
Ontem foi primavera, hoje é outono no flamboyant.

Frações secas arruinadas e sopradas pela ventania,
Servem sim, embelezam o caráter em sua plenitude,
Encaixam-se corretamente no verso de uma poesia,
Quando essas vêm acompanhadas de fato e atitude.

Promessa, somente promessa; _ Para que serve ela?
Para arquejar as expectativas e entornar frustrações,
E nos diminuta ao baque do silêncio das decepções.

Promessa quebrada mata por dentro, nada a cancela,
Teoricamente tudo é simples, ofusca o sentimento,
E praticar o verbo fixa; não se arrasta nenhum vento.

ღRaquel Ordonesღ
Uberlândia MG 10/09/15

Delica(te)ssen

Delica(te)ssen

Engenho o poema, saco todos os ingredientes ao léu,
E todos eles têm açúcares no ponto, nenhum excesso,
Depois bato meus pensamentos numa forma de papel,
Mexido a tinta da caneta, massa, um imo já expresso.

Lentamente invento palavras, letra por letra grudando,
Então as espalho em versos, figura bastante ordenada,
Com recheios e essências de mim, sempre espalhando,
Calor do cerne, inspiração aquecida em ode consumada.

Corto e recorto cantos aqui, corrijo pontas, e as aparo,
Doces rimas; eu sei, é possível que a todos não agrade,
Talvez eu encontre uma insensibilidade que o degrade.

Coberturas e glacês singulares, dispostos de jeito raro,
Receita de mim, confeitando poesia em suave estrutura,
Deguste-o ao máximo, misturado a calda de sua leitura.

ღRaquel Ordonesღ
Uberlândia MG 11/09/15

Tão eu

Tão eu

Quando eu era bem pequenina,
Mamãe me fazia extravagante,
Laço no cabelo era da Porcina,
E meu cabelo tão horripilante.

A minha saia plissada, ai Jesus!
Minhas blusas com babadinho,
Calcinha de frufru, credo em cruz,
Mas para a época era bonitinho.

Um sapatinho preto de fivela,
Aquele cinto já pronto no cós,
A gente nunca levantava a voz.

À noite era de lamparina ou vela,
As camas cheirosas e limpinhas,
Eu amava as meias de bolinhas.

ღRaquel Ordonesღ
Uberlândia MG 11/09/15

Lágrima oculta

Lágrima oculta

Ela também chora; ninguém é cem por cento, forte.
Ela é como todo mundo, mesmo que não aparente,
O probabilismo é todo de também perder seu norte,
Só ela sabe o que se passa e o que o seu cerne sente.

Tem sorriso largo, inda que a tristeza tente a ruptura,
E tão intrusa vai se achegando, se deixar ela empossa,
Ela é má, feito um cupim vai roendo toda a estrutura,
Tal qual uma bruxa que porta dor, feias rugas e bossa.

Ela chora em suas noites e somente a fronha a consola,
Seca-lhe as lágrimas, ajuda-a a escondê-las do mundo,
Instantes tão íntimos irrompidos do seu mais profundo.

E se suas lágrimas ocultas fazem menção de vir, se isola,
Deita em seu silêncio, tranca a sua porta e a luz desliga,
E no abraço do lençol, recolhe-se; no travesseiro abriga.

ღRaquel Ordonesღ
Uberlândia MG 12/09/15

Nem tudo lava

(imagem do Google)
Nem tudo lava

Então a porta se fecha, 
Mas há uma brecha,
Pingo  de água me beija,
No espelho a fumaça,
Teu nome é escrito,
A porta se abre: evaporação, 
E fica no coração.

ღRaquel Ordonesღ
Uberlândia MG 13/09/15