quarta-feira, 30 de abril de 2014

Indelével

Indelével

Não quero seu primeiro toque, nem o primeiro beijo,
Nem quero seu último beijo e nem seu último toque.
E só quero para mim se for sentido por mim o desejo
Só quero que me sinta, e ordeno que em mim foque.

As minhas palavras sairão desgovernadas do meu ser
Haverá um ciclone delas desregradas por minha boca.
Choverei por você todos os sentimentos que aparecer
E contemplarás meu eu um tanto sã e um tanto louca.

E quando em minha tez tocar, seus toques serão meus
E quando os meus lábios abocanharem os lábios seus
Existirá uma permuta na erupção que em nós romper.

E nossa poesia se fará lasciva em um tesão a florescer
E em nossas almas indeléveis os nossos corpos se darão.
Uma canção tocará em nós, apetecidos bailaremos então.

ღRaquel Ordonesღ
Uberlândia MG  30/04/14


segunda-feira, 28 de abril de 2014

E o desejo?

E o desejo?

De onde vem essa força tamanha, estranha?
Inútil mesmo é tentar gladiar com esse poder
Que eriça nossa superfície, ganha e reganha
Sobe a terra ao céu, faz o céu a terra descer.

É devorador, ser domesticado é sem chance
E nos toma de assalto bagunça as estruturas
Incomoda nossa carne causa a ela avalanche
Invade o pensamento; martela nossas lisuras.

Desejo: como pode? Se até move a montanha
É um começar de algo que quer ver logo o fim
Um não saber ansiar sem qualquer barganha.

_Desejo: e quem é você que assola o mundo?
Que tira do ser o sossego, o faz ardente assim
Sentir seu frêmito é superficial e tão profundo.

ღRaquel Ordonesღ
Uberlândia MG 25/04/14


_Sabe amor!

_Sabe amor!

_Sabe amor, eu não sei como consegue
Chegar com esse silêncio ensurdecedor
E difícil mesmo é quem não se entregue
Ainda que distante é percebido seu calor.

_Sabe amor você é sentimento perfeito
Interpretar a definição é muita loucura
E o seu mundo é da divindade do peito
Aloca-se na alma às maneiras, candura.

_Sabe amor e fico mesmo acabrunhada.
Mas como você consegue tal conquista?
Aborda, adentra e nos rende sem pista.

_Sabe amor; é tudo amar e ser amada
É andar na terra com as nuvens aos pés
É sentir o eu no ontem, hoje e através!

ღRaquel Ordonesღ
Uberlândia MG 23/04/14


Preciso ver você

Preciso ver você

O tempo passa, com ele não tem meio termo
E simplesmente passa e não espera ninguém
Às vezes me sinto perdida num vácuo ermo
Sinto tanta saudade de você, maior não tem.

E a minha imaginação esboça todo o seu eu
Seus cabelos, os seus olhos e até o seu beijo
Seu perfume e o seu toque com o toque meu
E dá um frisson, só acrescenta o meu desejo.

Eu preciso ver você; e é com toda a urgência
Eu preciso da sua alma topando com a minha
Preciso apreciar sua tez e toda sua essência.

Preciso ver você e é só esse pedido que faço
Quero sua poesia escrita na minha entrelinha
E guarde-me no imo e no calor do seu abraço.

ღRaquel Ordonesღ
Uberlândia MG 28/04/14


terça-feira, 22 de abril de 2014

Superação

Superação

E de repente tudo parece seco
E a terra rachada chora em pó
A sementinha lançada no beco
Sente a aflição que é de dar dó.

Pensa-se grande, não se abate
Clama por pinguinhos de chuva
Sonha-se parreira, sem embate
Em cachos e mais cachos de uva.

Os pingos vêm poeiras ao vento
Solução para quem tem audácia
Tosse e lança enfim seu rebento.

Com soco da vida iça o raminho
Pois o germe fez em perspicácia
Obtém o sim e galga-se ao vinho.

ღRaquel Ordonesღ
Uberlândia MG 22/04/14

segunda-feira, 21 de abril de 2014

A saudade mora em mim

A saudade mora em mim

Quando você não vem ela é um tanto forte
A saudade que é baderneira em meu cerne
Grita você por meus cantos, me tira o norte
Provoca frisson em minha alma e epiderme.

Conversa comigo e com todos os meus eus
E ora é monólogo que às vezes não entendo
Outras vezes eu acho que é mágica de Deus
É essa fúria gostosa que quase compreendo.

Você está em mim, disso tenho total certeza
Empurra em todas as minhas janelas e porta
É algo bom que me compõe, mas me entorta.

Às vezes é algo tão forte e ora é tanta leveza
Sem ponto final é interrogação que exclama
São minhas reticências gritando que lhe ama.

ღRaquel Ordonesღ
Uberlândia MG 21/04/14



quinta-feira, 17 de abril de 2014

Perfume

Perfume

Muito melhor que o imaginar é o sentir
E é melhor ainda quando se pode tocar
E a sensação de verdade se faz concluir
Quando o carinho faz a essência cantar.

É nota delicada que entra pelas narinas
São novidades que a alma grava para si
Em sua pasta arquiva, expõe nas retinas.
Um brilho confirma... Em dó, lá e em mi.

No aroma a lição mais fácil de entender
Estuda-a se deixando arrastar; sentindo.
Em noite de solidão é porta se abrindo.

Saboreia o vinho o cheiro se faz escorrer
E tatua-se na alma com cores em negrito
E se o lembramos; o tornamos favorito.

ღRaquel Ordonesღ
Uberlândia MG 17/04/14


quarta-feira, 16 de abril de 2014

Nos espaços de mim

Nos espaços de mim

E aqui dentro de mim tem um mundo
Espaço de mim são coisas só minhas.
Há um sentir que corre tão profundo
É uma viagem de nau nas entrelinhas.

Espaço privado, à você porta aberta
O meu pensamento torna-se ventania
E vem-me um eriço, então fico alerta
E a minha imaginação lhe faz poesia.

Nos espaços de mim é meu céu e sol
Esperança que fulge no meu amanhã
É beijo com todos os gostos de maçã.

Nas cavidades de mim tornou-se farol
E a minha carne grita por seu abraço
O meu mundo é exato o seu espaço!

ღRaquel Ordonesღ
Uberlândia MG 16/04/14


terça-feira, 8 de abril de 2014

Mistérios do coração

Mistérios do coração

Às vezes eu sei tanto do meu coração
Sei o que se passa, até vejo a imagem.
E outras vezes me segreda sem noção
E se tranca, retira-me toda a paisagem.

Às vezes ele tem um espantoso querer
De repente  se recolhe não sei por quê.
Às vezes se doa; se entrega para valer
Já se foi com alguém, pergunto: cadê?

Às vezes  bate alto, caceteia o ouvido
E às vezes o seu silêncio bulina além
Ama quem não deve; inverso também.

A fiúza é que ao amor está envolvido
E nele reside toda uma  contemplação
E é mistério; enflora-se em cor e ação.

ღRaquel Ordonesღ
Uberlândia MG 08/04/14


sábado, 5 de abril de 2014

Quando você some

Quando você some

Há um descontrole em meu pensamento
Há um fervilhar de palavras tão sentidas
Um querer gritar à caneta, papel e vento
Há composições em mim tão reprimidas.

Existe um cheio de vazio em cada minuto
Um espaço que corre sem ser preenchido
Uma lacuna, de sua ausência um atributo
Há chuva de anseio em verso esbaforido.

Não há tristeza, há somente um cuidado
Há um querer pegar e acarinhar no colo
Há uma certeza de ternura tão sem dolo.

Existe tanto fato em mim que fica calado
O desejo de ver você é que me consome
Quase me desconheço quando você some.

Raquel Ordones
Uberlândia MG 05/04/14


quarta-feira, 2 de abril de 2014

A melhor lágrima

A melhor lágrima 

As alamedas da vida são tantas, tantos destinos
Há flores e ocultos nas folhas estão os espinhos
Por onde pisam audazes homens, quiçá meninos
Descortinando e desbravando os seus caminhos.

É árdua a caminhada às vezes faz chuva, faz sol
Pisadas se encharcam por enxurradas ou suores
Confunde-se a vista o dia, o anoitecer e arrebol
Cansaços são teimosos, ora vastos ora menores.

Entrave está na curva faz-se cogente o contorno
O esforço e apego ao que se objetiva é essencial
Semente de flor cuidada a fragrância se faz real.

A colheita é certeira, o regozijo vem em estorno
E a melhor lágrima tende a escorrer em alegria
Galga-se história onde a conquista se faz poesia.

ღRaquel Ordonesღ
Uberlândia MG 02/04/14


terça-feira, 1 de abril de 2014

Teu beijo

Teu beijo

E de repente eu não mais sabia qual era a hora
E me senti perdidamente achada nos teus olhos
Não sabia qual era o dia de ontem nem o agora
A exultação esparziu em mim flores aos molhos.

Embriaguei-me com o olor vindo de tua camisa
E era como se tivesse a minha frente um jardim
Tirei os pés do chão em uma viagem feito brisa
E em terra permaneci: eu em ti, teu ser em mim.

Tudo se tornou  mágico e eu quase não acreditei
Inda há pouco tempo; sentada naquele meio-fio
Havia um calor do vento e sol, mas eu sentia frio.

Tanta coisa linda eu vi ao meu redor; até chorei
Como se borboletas dançassem, que bom vê-las
Assim narro teu beijo; foi quando choveu estrelas.

Raquel Ordones
Uberlândia MG 01/04/14