segunda-feira, 27 de fevereiro de 2017

Canção inabalável

Canção inabalável

Melodia em notas fortes; é o amor,
Um calor de voz que venta na nuca,
É muvuca na carne, acesa flor,
Rumor; perturba de fundir a cuca.

Maluca lufa nalma desarranja,
Esbanja ritmo, um passo noutro passo,
Abraço, beijo em beijo, tudo arranja,
Manja de efeitos: santo ora devasso.

O terraço da tez é invadido,
Bandido acorde faz a roçadura,
Brandura do cochicho, aura em altura.

Partitura paixão, de amor perdido.
Sustenido imo, dantes e presente,
E sente gritos num baile silente.


Raquel Ordones #ordonismo
Uberlândia MG 

sábado, 18 de fevereiro de 2017

Calembur

Calembur

Eu rio, mas se sou rio, longe do mar,
Amar; vela que acende, ascende a vela,
Ela uma coragem, sou ela a navegar,
Morar no nada e nada em aquarela.

Gela se casa e não está em casa,
Em asa leve, que o seu sonho leve,
Breve a serra que cerra visão rasa,
Vaza a pena. Que pena, mas se atreve!

Escreve um conto; conto; um, dois e três,
A tez eriça, iça no canto um canto.
E levanto; acento no assento? Espanto!

Tanto cinto, que sinto, não; talvez,
Xadrez a calça; e calça bota torta,
Na torta bota vil “sarin”, viu a morta.


Raquel Ordones #ordonismo
Uberlândia MG

Sublimação

Sublimação

A poesia vai além-composição,
Estação de quem chega e de quem parte,
Arte da essência, luz, coloração,
Comoção que na viagem é encarte.

Aparte o status se o poeta ostenta,
 E se inventa ser, foge ao natural,
Plural não vive; só alma sedenta,
Sustenta o encanto de jeito cabal.

Varal onde um alento se balança,
Trança pureza na singular teia,
Enleia-se; caneta, par da veia.

E semeia fascínio, afora lança,
Dança imaginação, afixo onírico,
Empírico do ser, ora em eu lírico.


Raquel Ordones #ordonismo
Uberlândia MG

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2017

Adeus

Adeus

Arroteia umas flores, toca pontas,
Pesponta algumas poucas amizades,
A religiosidade sai das contas,
Tontas falas; requenta falsidades.

Lealdade não planta; colhe engano,
É insano seu jeito; ar egoísta,
Intimista, cobiça em oceano,
Profano coração, por aí é vista.

É moralista; acende seu cigarro,
O pigarro perturba o seu batom,
O tom do seu olho foge; em moletom.

Do edredom avista as flores no jarro,
Num esbarro de cílio, vai afinal,
Terminal, amanhã o funeral.

ღRaquel Ordonesღ #ordonismo
Uberlândia MG 

Naveg(a)ndo

Naveg(a)ndo

Viajo para dentro dos meus eus,
Deus na porta de entradas e nos fundos,
Mundos diversos, tantos, todos meus,
Ateus, crentes, rasuras e profundos.

Corcundo pensamento, outros esguios,
Há fio desencapado, alta tensão,
A razão não confia nos arrepios,
Vadios desejos, santo coração.

A emoção ri e escorrega em tobogã,
Sou fã do movimento; tem leveza,
Tem fineza, verdade, até tristeza.

Acesa alma; casaco e luva em lã,
Clã de loucos, calmaria que pira,
Tem ira, tem segredo, até mentira.


Raquel Ordones #ordonismo
Uberlândia MG 

Hediondo

Hediondo

Seu coração ao amor já não responde,
Bonde toca; adustível ambição,
Repulsão; se confere tal qual conde,
Onde o poder é cálice, a emoção.

Reação de revolta; assim provoca,
Invoca um Deus, que alastra fedorento,
O seu comportamento se equivoca.
E se aloca num orbe assim; nojento.

Auto envenenamento; alta dosagem,
Mensagem não entende, rasga a bula,
Anula a vida, em poço gesticula.

Perambula cadáver, sem blindagem,
Sem triagem e sem posologia,
Esfria então, coagula a poesia.


Raquel Ordones #ordonismo
Uberlândia MG