terça-feira, 5 de abril de 2016

Quem me dera

Quem me dera

Quem me dera ser um mar, lamberia as tuas areias,
E úmida de meiguice te balançaria em minha onda,
Queria-te correndo pausadamente em minhas veias,
De cima a baixo, de um lado ao outro a fazer ronda.

Quem me dera ser um mar com todo o seu encanto,
Levando-te, trazendo-te com beijo no colo do braço,
E quem me dera caber-te em todo e qualquer canto,
Quisera eu ser tua, da mínima gota ao maior espaço.

Quem me dera ser um mar para comportar teu bote,
Far-te-ia naufrago nos meus quereres, sedes e fome,
Em respiração boca-a-boca que toda  alma consome.

Quem me dera ser um mar, e dele fizesse-me o pote,
Tomasse-me por inteira a canudinho, querer negrito,
Quem me dera se no teu viver eu fosse o teu infinito.

Raquel Ordones
Uberlândia MG – 05/04/16
Soneto infiel – sem métrica


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