Penetração poética
E desabotoo as palavras; antes de possuí-las, acaricio,
Letra por letras, curva por curva fazem-se rijos versos,
Alongam-se em tesos haicais com pensamento no cio,
E vou sentindo lá dentro, enflorando todos os reversos.
Bulino cada ponto, massageio vírgulas e até travessões,
Interroga-me em exclamação e dois pontos: um indriso?
As estrofes se contorcem tez na tez em tantas sensações,
Vira rebolado um infiel soneto, e a sua métrica eu analiso.
Resenho o prazer, jogo-o no lençol perfumado da prosa,
Essa expõe sua essência crônica, enrubesce as bochechas,
Aldravia em discurso implora que puxem suas madeixas.
Os poemas lançam de si, se fazem ali em inspirada glosa,
Então penetro meus escritos, bem no cerne do meu leitor,
Que se deleita na escorrência do meu entusiasmo criador.
ღRaquel
Ordonesღ
Uberlândia MG – 04/04/16
Soneto infiel – sem métrica
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