Notas sobre mim...
O dia foi tão habitual, era quinta feira; já tinha ouvido
aquele canto do passarinho noutra manhã, talvez ele só tivesse aquele arranjo,
talvez fosse a sua composição primeira e única.
O sol era o mesmo de sempre, talvez um pouco mais velho e
mais quente, não tão diferente de outros dias, ele não tem marcas visíveis do
tempo.
As nuvens não vieram, ele reinou o tempo todo sozinho em
sua poltrona áurea.
O vento eu não sei ao certo, é tão efêmero, tão sem
apego, talvez fosse novo por aqui, porque o de ontem talvez esteja longe, mas
sem certeza. Eu não sei se ele volta, também jamais saberia, caso ele retorne,
a essência seria outra.
Aquela árvore em frente ao meu portão, eu tenho certeza
de que não era a mesma, ali no chão haviam várias folhas desfalecidas
ressecando, ainda assim ela bailava, talvez por estarem nascendo outras folhas
novinhas no rotativo do seu existir. Não vi seus olhos, mas o verde tinha
brilho.
A caixa de e-mail, nada tinha em negrito, com algumas
correspondências antigas, mas não estava esperando nada importante.
Somando os versos escritos, formou-se um soneto, não o
melhor deles, ainda assim, interessante. Um risco aqui, outro rabisco ali
cosendo poesia com linha colorida.
A noite chegou com frescor, a pele arrepiava isso; a lua
luxuosa e singular em sua cátedra rodeada por uma ciranda de estrelas.
_ Tão bom vê-las!
O interruptor é desligado, o escuro abanca-se do quarto,
quebrado apenas pela luzinha do modem.
_O Silêncio e o escuro se dão tão bem, incrível!
E se você me perguntar!
_Cadê as notas sobre você?
_As minhas notas? Não nota? Estão espalhas por todo
canto, com DÓ da tristeza, pelas bandas do SOL.
FÁ LÁ – MI SI é capaz, não as percebe? Então anota:
_Quero ser até depois do depois a RÉ sem nenhum
arrependimento dessa emoção;
Eu nunca disse que era o meu amor, mas sempre fiz questão
que soubesse disso.
ღRaquel Ordonesღ
Uberlândia MG 06/08/15
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