Dual
E os olhos veem ainda quando fechados,
E mesmo distante o perfume é adjacente,
E há corpos ausentes ainda que colados,
Não existe extensão quando se é presente.
E o arrepio por vezes se torna abrasador,
Há boca seca com gosto do beijo molhado,
E a pele berra num silêncio ensurdecedor,
E o corpo pede ocultando o ato desejado.
A volúpia se esconde; se finge uma calma,
Vontade do contato quase sentida a mão,
A estupidez quase sempre ilude a emoção.
Pele na pele, carne na carne ou só a alma,
E se escancara a lasciva o cerne não finge,
É palavra que toca e toque que não atinge.
ღRaquel Ordonesღ
Uberlândia MG 24/06/15
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