quarta-feira, 6 de julho de 2016

Nos fios dá miada


Nos fios dá miada

Deitada na janela, mansa e bela,
Descansa sobre ela um ar de preguiça,
Submissa à moleza; evita a viela,
E a sua esperteza ali se enguiça.

Lambe a pata então a passa no rosto,
Com gosto repassa; da gata o banho,
É tão estranho, sem caça o seu posto,
Desgosto da raça, talvez o acanho.

E alguma coisa lhe chama a atenção,
E no chão em contramão um novelo,
Um apelo lhe dá safanão ao vê-lo.

Num salto do alto, é toda expressão,
Na confusão fica toda enrolada,
Tão sem ação nos fios dá miada.

Raquel Ordones
Uberlândia MG – 05/07/16

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