segunda-feira, 11 de julho de 2016

Enquanto não passa a chuva

Enquanto não passa a chuva

É cedo, cubra-se no meu edredom,
Ouça da chuva o som sem tantos medos,
Sem degredo e tonto em meu batom,
Vista-se em mim, luva, descubra segredos.

Abrigue no meu dentro; faça-o teto,
Risque concreto com suas digitais,
E no meu cais aporte em céu aberto,
Transporte-me sem véu em seus pluviais.

Recolha-me em seus varais e me estenda,
Nos lençóis sem escolha o infinito,
Acolha-me em nós; desejo negrito.

Anote em mim sua tez, arme tenda,
Surpreenda-se; meu vinho de decote uva,
E outra vez, enquanto não passa a chuva.

Raquel Ordones

Uberlândia MG 11/07/16

Um comentário:

  1. ___Coisas maravilhosas de se ler:
    "É cedo, cubra-se no meu edredom,
    Vista-se em mim, luva, descubra segredos. Abrigue no meu dentro.
    E no meu cais, aporte em céu aberto.
    Nos lençóis sem escolha o infinito.
    Acolha-me em nós, arme tenda,
    Recolha-me em seus varais e me estenda."
    ___É um prazer muito grande te ler.

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