terça-feira, 26 de maio de 2015

Sonh(a)dora

(imagem do Google)
Sonh(a)dora

Era outra manhã, chovia levemente, aquelas gotículas a beijava sutilmente e se dissipavam no ar.
Havia chovido forte mais cedo, saindo do seu portão ainda avistava algumas poças d’água; guarda-chuva nem em sonhos ela usava, aquilo era uma proteção “fake”, pés molhavam, jeans molhava e se a chuva cismasse da mão, esse acessório não aguentava, se tivesse ventando, virava-se ao avesso, melhor ir sem.
Um vento frio ouriçava os cabelos do seu braço, tornando-os arrepiados e aquela sensação de frisson era emoção única, ela adorava arrepiar-se.
Resolveu sair a pé naquele dia, um cheiro de café coado na hora vinha de todas as direções sem se misturarem, fragrância única.
O sol ainda de pijama olhava com rabo de olho por uma fresta de nuvem, talvez não se levantasse porque as nuvens espessas dominaram todo o espaço.
Pensou em almoçar acompanhada, numa boa gargalhada a dois, olhares, talvez...
Lembrava-se do toque dos seus dedos em seus cabelos “encaixados” por natureza.
Pensou que talvez pudesse folgar do trabalho após o almoço, mas nada concreto, só um turbilhão de pensamentos insanos ousavam revirá-la por dentro
Tão sozinha e tão bem acompanhada de si, seguiu caminho ao trabalho; pássaros de penas molhadas cantarolavam felizes, manhã encantadora. Como dirá uma amiga: manhã poderosa.
Chegou ao trabalho dezoito minutos após ter saído de casa, como de costume subiu aqueles quinze degraus da escada de entrada, de repente o mundo encantado havia ficado lá fora.
Telefone, clientes, fornecedores, aquele escritório parecia mais uma feira livre, impossível qualquer saída dali naquele dia; foi derrubada do sonho, caiu com tudo no chão da realidade sem tempo para pensar na pequena viagem que fez no trajeto de casa ao trabalho.


Raquel Ordones
Uberlândia MG 24/05/15

(imagem do Google)

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