segunda-feira, 11 de novembro de 2024

‘Amar Cura’

 É que o amor, se compara com o vento;

Movimento; às vezes, quietinho.

De mansinho entra, sem o julgamento.

Alento da alma que varre o caminho.

 

É ninho, é conforto; e traz coragem.

Aragem que refresca; assopra o corte.

Dá norte, é sem peso e sem metragem.

É garagem, trilho, voo, transporte.

 

Sorte se te invade tal vendaval;

Do varal desprende toda amargura.

Soltura de sentires; literal.

 

Sem igual; leveza, força e doçura.

Altura, greta, vão: credencial.

Abissal. O amor é bento; ‘amar cura’.

 

Raquel Ordones #ordonismo #raqueleie

 

Envelhecer é meio louco

Cada um tem a sua forma de envelhecer.

Crer nisso é ser sábio; é assentimento.

Momento íntimo; nem deve esclarecer.

Conhecer-se faz parte; fortalecimento.

 

Atento ao anexo: corpo, alma, coração.

estação de efemeridade, meio louca.

É rouca a garganta; ou rouca esteja a emoção.

tão encanecido o beijo, talvez só a boca.

 

Pouca vista; talvez envelhecido olhar.

Mar de lágrimas, talvez um secado rio.

O arrepio dos sonhos, sem nenhum pilar.

 

Andar manco; talvez as almas em muletas

e muretas quaisquer distanciam o amar.

Par de mãos envelhecidas quase obsoletas.

 

Raquel Ordones #ordonismo #raqueleie

 

 

Aqui, onde o amor é verdadeiro

Aqui onde o amor é amor verdadeiro;

Canteiro em flor; originalidade.

sinceridade: perfume primeiro.

De janeiro a janeiro, intensidade.

 

Liberdade; pétala, folha e vento.

Evento máximo regado a essência.

Potência; é pico do sentimento.

Julgamento nenhum; tão-só, ciência.

 

Evidência; no olhar e coração.

Ação se faz; nenhum toque de sino.

Divino sentir, feito uma oração.

 

É relação íntima; eu me amo e assino.

Leonino ser que exerce o perdão.

Relação: eu, o amor, a verdade: num trino.

 

Raquel Ordones #ordonismo #raqueleie

 

E foi assim...

Fiquei sozinha por um dia inteiro.

Primeiro: eu decidi ficar ali.

Li quase um livro; até senti o seu cheiro.

No canteiro enfiei a unha, me diverti.

 

Recolhi as flores de plástico: lixo.

Bicho de pelúcia? Para a sacola.

Cachola fresca, sem pressa e bochicho.

No capricho: o almoço; pois fome assola.

 

Camisola nem tirei: liberdade.

Idade: de zero a cem; eu sendo eu.

Rompeu-se a distância; felicidade.

 

Na verdade, eu me encontrei, foi! Sim, sim!

Sim! Eu me achei nos destroços do dia.

Magia! E esse poema fiz pra mim.

 

Raquel Ordones #ordonismo  #raqueleie

 

Vida sem camuflagem

 É, nesse poema, venho falar comigo.

Formigo a língua, o pensar e também a escrita.

e negrita-me o tempo; seria ele antigo?

Abrigo-me da lembrança, rara e bonita.

 

Agita coração se lembro do quintal.

Afinal, era meu mundo de intimidade.

Liberdade toda solta pelo varal.

 e na moral? Absurdamente a intensidade.

 

A cumplicidade; onde o simples era alteza.

Beleza ímpar; diversidade pomar.

Altar fartura que se estendia à mesa.

 

Leveza de voo no balanço em viagem.

Vadiagem; rio, jardim, que boniteza!

Certeza, menina! Vida sem camuflagem...

 

Raquel Ordones #ordonismo #raqueleie

O que o mundo nos oferece?

 Nem sei se tem: “em primeiro lugar”.

Numerar; o que viria em “segundo”?

Afundo num carregado pensar.

Defensar, incapaz; nem aprofundo.

 

O mundo oferece muita gente;

Divergente caráter; muito mais.

Capaz de mentir pra si; veemente.

Exigente. Pensar no outro? Jamais!

 

E normais se veem; gente golpista.

Lista atrocidades; tão sem noção.

Coração fede mente moralista.

 

Calculista ser; falso, contramão.

Situação que foge do exorcista.

Egoísta eu, quero Elliot; o dragão.

 

Raquel Ordones #ordonismo #raqueleie

Primavera de fogo

 Já é quase o seu tempo, ela já vira a esquina.

Menina sempre, por toda a sua estação.

Oração elevo ao céu, e a desço à colina.

Franzina, queimada, preta a coloração.

 

Floração em mente, árvore carbonizada;

Deitada, e todas as suas folhas: fumaça.

Desgraça! Tanta cabeça desmiolada.

Carregada do mau em mal; parece pirraça.

 

Carcaça de animais sobre a terra que chora.

Implora chuva; refaça-se no chão a vida.

Ferida na alma, olhos e pulmão, sim senhora!

 

E agora? A primavera não sabe onde pisa.

Avisa; há fogo! e não se queime, por favor!

Amor e flores é o que a gente precisa.

 

Raquel Ordones #ordonismo #raqueleie

‘Poesia é refrigerante’

 É que o sol queima, mas a lua inspira.

Transpira suavemente uma calma

A alma vive o conforto, só respira.

Mira nesse frescor e bate palma.

 

Desalma no papel um universo.

Verso úmido de chuva, um evento.

o pensamento num frescor imerso.

inverso ardor; asfixia o momento.

 

Invento perfeito é poesia.

Ventania com ideia excitante.

Elegante ou vestida em ousadia.

 

Alivia o nosso ar tão palpitante.

Militante quando espanta a agonia.

Plagia o ser, e é refrigerante.

 

Raquel Ordones #ordonismo #raqueleie

 

Vida: casa que se constrói

Então: construímos a casa vida afora.

Embora pequenos, já somos construção.

Coração é alicerce; nunca vai embora.

Demora; é passo a passo a edificação.

 

A oração é parede; ora se mostra teto.

Dialeto que às vezes é nosso chão.

Portão; aberta janela, trilho curvo ou reto.

Arquiteto, e responde por decoração.

 

Então: construímos a casa vida afora.

Agora é a melhor hora, o melhor dia.

A alegria é pintura de onde se mora.

 

Ora, mão e a mente, tijolinhos poesia...

Enfia na armação o concreto de respeito;

Feito! Somos resistentes à ventania.

 

Raquel Ordones #ordonismo #raqueleie

Tão prima, verá...

Sentada sob a árvore em setembro;

Me lembro: a primavera já na esquina,

Menina de tudo; e se vai em dezembro.

Relembro de outras; e isso me fascina.

 

Ensina transpirar e espalhar cheiro.

No canteiro ou fora; por onde for.

Flor e botão, folha em talo faceiro.

Primeiro é a semente a se expor.

 

Calor soprado pelo vento; e fico.

Dedico o momento para o meu amor.

Cor; giro do girassol é tão rico.

 

Futrico a paisagem em seu rumor.

Primor essa obra; ao céu glorifico.

Fico; a estação sorri e causa estupor.

 

Raquel Ordones #ordonismo #raqueleie

 

 

 

 

 

 

Arrepio

 Primeiro veio um olhar, aqueceu e fez frio.

Rio de canto de boca; o rosto avermelha.

Centelha de um fogo; num estado de cio,

Calafrio na alma que no corpo se espelha.

 

Esguelha, disfarce; como quem não quer nada.

Alvoroçada a carne, espanca o coração.

Sensação boa; víscera descabelada.

Fascinada; o que mesmo seria razão?

 

Paixão é tão pouco; onde há beijos em florada.

Perfumada da fragrância chamada amor.

Rumor e silêncio e uma paz em disparada.

 

Tocada, dedos leves; sol não quer se por.

Pudor nenhum; em desalinho, arrepiada;

Tomada; em cada um dos poros nasce uma flor.

 

Raquel Ordones #ordonismo #raqueleie

Brinquedo proteção

E roda, roda, roda nas mãos da menina.

Fascina; gira, gira para um e outro lado.

Fechado e aberto a rodopiar a traquina.

Menina e o guarda-chuva: cenário irado.

 

Criado para impedir chuva, não a elimina.

Imagina; proíbe o cabelo molhado.

Penteado que se mantém em disciplina,

menina vê ao longe tudo ensopado.

 

Ideado guarda-chuva, do sol abriga.

Intriga alguma; ninguém ele mortifica.

E fica um resguardo; além, cada pingo irriga.

 

Coliga a menina; brinquedo que comove.

Promove sorrisos, é invento que a instiga,

Amiga essa invenção, mas há que a desaprove.

 

 Raquel Ordones #ordonismo #raqueleie

A janela do medo

A janela do medo é pequena,

Acena de jeito, nos intimida.

Tremida a alma sua e gela; que pena!

Arena escura; recorte de vida.

 

Decidida, apenas passe por ela.

a mazela se varre do caminho.

De fininho, porém não se amarela.

Cautela; venceremos. Coitadinho!

 

Sozinho, o medo pode ser a presa.

Acesa, a coragem vem e o esfarela.

Cancela o receio, virando a mesa.

 

Defesa é ordem; abra a tramela.

Revela-se grande, uma fortaleza.

Certeza: atravesse ou pule a janela.

 

Raquel Ordones #ordonismo #raqueleie

Para você se lembrar...

E foi feito um conto, aquele de fada;

Estrada simples; na verdade, rua.

Nua de riqueza, mas encantada;

Estrelada, sol, vento e até a lua.

 

E sua toda a alma; os olhos atraindo;

Lindo nas passadas, jeito elegante.

Fascinante a feição quando florindo.

Seduzindo; era perfeito o semblante.

 

Antes, era uma passagem normal;

Portal agora; prum mundo encantado;

Alado coração; e tão plural.

 

Afinal, era o amor; tão procurado.

encontrado sem busca; natural.

Visceral; você foi me apresentado.

 

Raquel Ordones #ordonismo #raqueleie

Seu sorriso é poesia

 É tentação se me abre o seu sorriso,

deslizo de mim, vazo sobre o chão.

Coração se encanta: é tão preciso,

improviso perfeito; floração.

 

Então, quando me abre esse seu sorriso,

autorizo minh’alma; sou permissão.

Confissão: eu me rendo e poetizo;

desorganizo e perco na expressão.

 

Oração é seu sorriso; homilia.

Poesia que me atravessa além.

Bem maior; o sustento do meu dia.

 

Euforia; seu sorriso: um agito.

Repito em mente e me causa alegria.

Poesia; seu sorriso recito.

 

Raquel Ordones #ordonismo #raqueleie

A fruta que partiu...

O vento chega, foi abrindo as porteiras;

Palmeiras se descabelam de jeito.

Estreito se alarga; dançam as leiras.

Videiras arrastam as bagas no eito.

 

Espreito a vidraça, afasto a cortina.

Bailarina num lilás que balança.

Trança no nada, então foge a rotina,

na retina vídeo clipe mudança.

 

Avança em redemoinho que assovia,

Mania desordem; sem rivotril.

E surgiu; mas agora chovia.

 

Rodopia a flor, e quase caiu;

saiu o dente pétala que escorria.

Ouvia o baque; a fruta que partiu.

 

Raquel Ordones #ordonismo #raqueleie

Quando nasci

Quando nasci, tudo se mostrou igual,

O roseiral não enflorou mais por isso.

Disso sei; compreendi, achei normal,

Afinal; só mamãe entende o feitiço.

 

É compromisso de um ser maternal;

varal: brancos panos; tanto pedaço,

abraço abrigo, afeto vendaval.

Temporal força; intimida embaraço.

 

O palhaço não foi mais ‘pilhério’;

impropério não deixou de ser dito;

bonito! Mamãe, eu e a vida: um mistério.

 

Império do ser, e nisso eu acredito.

É bendito ventre; além puerpério.

Sério; pra mamãe foi um dia negrito.

 

Raquel Ordones #ordonismo #raqueleie

De tudo que já escrevi...

Meu primeiro poema, era uma redação.

noção nenhuma, no meu texto botei rima.

Clima louco pintou, jorrei a imaginação.

Então, um jornal o denominou: obra prima.

 

Estima ao feito; me taxaram: poeta.

e meta alguma; sem nenhuma pretensão.

São só uns rabisquinhos de mente inquieta.

Atleta de letras; sentir, degustação.

 

Conclusão: a minha ideia surge e borbota.

Cambalhota por todo lado e sem receio.

Leio; às vezes tem coisa bem idiota.

 

Nota? Às vezes há coisas legais no meio.

Veio da alma, da poesia é devota.

Tricota letras em verso bonito e feio.

 

Raquel Ordones #ordonismo #raqueleie