terça-feira, 26 de novembro de 2024

Poes(IA)

Vi a poesia lagrimando num cantinho,

e devagarinho me sentei ao seu lado.

Grilado meu ser continuou ali quietinho.

Desalinho na letra de verso truncado.

 

Abalado som; e pela alma um friozinho,

o ninho desfeito, com aspecto gelado.

Sequelado meu coração lhe deu carinho,

e rapidinho aqueceu seu olhar embaçado.

 

-Obrigado pelo afago, disse um versinho.

Coitadinho dos outros versos; nenhum brado!

Ajeitado em mim; contou-me todo o seu espinho:

 

Todinho em IA; sem emoção poemado;

fui copiado de um mundo tão sem vizinho.

Vinho, amor, flores, tesão; tudo chacinado.

 

Raquel Ordones #ordonismo #raqueleie

 

Talvez o legítimo poeta entre para a lista de extinção; IA não tem coração.

 

 

 

 

 

 

segunda-feira, 18 de novembro de 2024

Estranheza

Estranheza

 

Sofrência; emoções boas no respirador,

amor e tantos mais: numa quase falência.

Demência do ser; que mata todo esse ardor.

Mercador da inverdade; vive inadimplência.

 

Divergência do sentir: amo, mas não digo.

Comigo é: sinto saudade, mas não falo.

Calo; porque de emoção eu não sou mendigo.

Fadigo! Bobagens! Disso não sou vassalo.

 

Escalo esse caminho sim; e viro as costas.

Propostas para que eu me doa? Não me imponha.

Medonha essa ação; que nem merece respostas.

 

Supostas relações?  Doido quanto maconha!

E proponha-me algo melhor noutras encostas;

Apostas? Mostrar interesse é vergonha.

 

Raquel Ordones #ordonismo #raqueleie

 

é que as pessoas cada vez mais querem doar menos de si,

a não ser por conveniência.

mas isso não é sobre doação.

 

sexta-feira, 15 de novembro de 2024

Nada leve...

A vida é bem pesada, ninguém é de aço;

Escasso é o saber de quem pensa assim.

Enfim, somos matéria carente de abraço,

cansaço chega; e às vezes parece o fim.

 

Sim, sentimento ruim causa despedaço,

Passo a passo toma conta; causa tristeza.

Incerteza bate à porta, descompasso.

Fracasso: essa é nossa única certeza.

 

Nobreza é chorar; botar tudo pra fora.

Embora difícil, há sempre um embaraço.

Pedaço se solta; necessário. É a hora.

 

Demora, mas passa; é sempre isso que faço.

Enlaço-me de cuidado e o triste cai fora.

Aflora o respiro, liberei em mim meu espaço.

 

Raquel Ordones #ordonismo #raqueleie

 

segunda-feira, 11 de novembro de 2024

‘Amar Cura’

 É que o amor, se compara com o vento;

Movimento; às vezes, quietinho.

De mansinho entra, sem o julgamento.

Alento da alma que varre o caminho.

 

É ninho, é conforto; e traz coragem.

Aragem que refresca; assopra o corte.

Dá norte, é sem peso e sem metragem.

É garagem, trilho, voo, transporte.

 

Sorte se te invade tal vendaval;

Do varal desprende toda amargura.

Soltura de sentires; literal.

 

Sem igual; leveza, força e doçura.

Altura, greta, vão: credencial.

Abissal. O amor é bento; ‘amar cura’.

 

Raquel Ordones #ordonismo #raqueleie

 

Envelhecer é meio louco

Cada um tem a sua forma de envelhecer.

Crer nisso é ser sábio; é assentimento.

Momento íntimo; nem deve esclarecer.

Conhecer-se faz parte; fortalecimento.

 

Atento ao anexo: corpo, alma, coração.

estação de efemeridade, meio louca.

É rouca a garganta; ou rouca esteja a emoção.

tão encanecido o beijo, talvez só a boca.

 

Pouca vista; talvez envelhecido olhar.

Mar de lágrimas, talvez um secado rio.

O arrepio dos sonhos, sem nenhum pilar.

 

Andar manco; talvez as almas em muletas

e muretas quaisquer distanciam o amar.

Par de mãos envelhecidas quase obsoletas.

 

Raquel Ordones #ordonismo #raqueleie

 

 

Aqui, onde o amor é verdadeiro

Aqui onde o amor é amor verdadeiro;

Canteiro em flor; originalidade.

sinceridade: perfume primeiro.

De janeiro a janeiro, intensidade.

 

Liberdade; pétala, folha e vento.

Evento máximo regado a essência.

Potência; é pico do sentimento.

Julgamento nenhum; tão-só, ciência.

 

Evidência; no olhar e coração.

Ação se faz; nenhum toque de sino.

Divino sentir, feito uma oração.

 

É relação íntima; eu me amo e assino.

Leonino ser que exerce o perdão.

Relação: eu, o amor, a verdade: num trino.

 

Raquel Ordones #ordonismo #raqueleie

 

E foi assim...

Fiquei sozinha por um dia inteiro.

Primeiro: eu decidi ficar ali.

Li quase um livro; até senti o seu cheiro.

No canteiro enfiei a unha, me diverti.

 

Recolhi as flores de plástico: lixo.

Bicho de pelúcia? Para a sacola.

Cachola fresca, sem pressa e bochicho.

No capricho: o almoço; pois fome assola.

 

Camisola nem tirei: liberdade.

Idade: de zero a cem; eu sendo eu.

Rompeu-se a distância; felicidade.

 

Na verdade, eu me encontrei, foi! Sim, sim!

Sim! Eu me achei nos destroços do dia.

Magia! E esse poema fiz pra mim.

 

Raquel Ordones #ordonismo  #raqueleie

 

Vida sem camuflagem

 É, nesse poema, venho falar comigo.

Formigo a língua, o pensar e também a escrita.

e negrita-me o tempo; seria ele antigo?

Abrigo-me da lembrança, rara e bonita.

 

Agita coração se lembro do quintal.

Afinal, era meu mundo de intimidade.

Liberdade toda solta pelo varal.

 e na moral? Absurdamente a intensidade.

 

A cumplicidade; onde o simples era alteza.

Beleza ímpar; diversidade pomar.

Altar fartura que se estendia à mesa.

 

Leveza de voo no balanço em viagem.

Vadiagem; rio, jardim, que boniteza!

Certeza, menina! Vida sem camuflagem...

 

Raquel Ordones #ordonismo #raqueleie