Nunca mais...
O planeta se desconfigurou.
Mudou-se o curso do rio.
Não há mais inverno frio.
Fruto não mais madurou.
A usina logo o inventou.
Industrializado dá em cacho.
Nunca vi tanto esculacho.
Ser humano é tão estranho.
Logro de jeito tamanho.
Tempestade motiva o terror.
Derrubada: o extremo calor.
Culpada? A água do meu banho.
As árvores tombadas sem dó.
E o dinheiro vai para a conta.
Aqui e acolá sempre apronta.
Bate no peito, apenas gogó.
Em bandos e nunca só.
Joga lata pela janela do carro.
No mato, a bituca do cigarro.
Ser humano é tão estranho.
Logro de jeito tamanho.
Lixo faz a nascente morrer.
Entulho não a deixa escorrer,
Culpada? A água do meu banho.
Fumaça; nunca teve freio.
Flor quase nasce de plástico.
O ser se achando fodástico,
Mesmo cometendo algo feio.
Puro; que se foda o alheio.
Combustão e o efeito estufa.
Não se importando bulhufas.
Ser humano é tão estranho.
Logro de jeito tamanho.
Chuva forte e sua acidez.
Alagamento com rapidez.
Culpada? A água do meu banho.
É tanta coisinha e buraco
Isso ainda é muito pouco.
O ser cada dia mais louco.
Casa fresca versos barraco.
Arrebenta o lado fraco.
Agrotóxico infecta solo e ar.
A água ingerida pode matar.
Ser humano é tão estranho.
Logro de jeito tamanho.
É que o mal já foi causado.
Desde sempre tão errado.
Culpada? A água do meu banho.
Raquel Ordones
Uberlândia MG
Nenhum comentário:
Postar um comentário