sábado, 30 de setembro de 2023

Nunca mais...


 

Nunca mais...

 

O planeta se desconfigurou.

Mudou-se o curso do rio.

Não há mais inverno frio.

Fruto não mais madurou.

A usina logo o inventou.

Industrializado dá em cacho.

Nunca vi tanto esculacho.

Ser humano é tão estranho.

Logro de jeito tamanho.

Tempestade motiva o terror.

Derrubada: o extremo calor.

Culpada? A água do meu banho.

 

As árvores tombadas sem dó.

E o dinheiro vai para a conta.

Aqui e acolá sempre apronta.

Bate no peito, apenas gogó.

Em bandos e nunca só.

Joga lata pela janela do carro.

No mato, a bituca do cigarro.

Ser humano é tão estranho.

Logro de jeito tamanho.

Lixo faz a nascente morrer.

Entulho não a deixa escorrer,

Culpada? A água do meu banho.

 

Fumaça; nunca teve freio.

Flor quase nasce de plástico.

O ser se achando fodástico,

Mesmo cometendo algo feio.

Puro; que se foda o alheio.

Combustão e o efeito estufa.

Não se importando bulhufas.

Ser humano é tão estranho.

Logro de jeito tamanho.

Chuva forte e sua acidez.

Alagamento com rapidez.

Culpada? A água do meu banho.

 

É tanta coisinha e buraco

Isso ainda é muito pouco.

O ser cada dia mais louco.

Casa fresca versos barraco.

Arrebenta o lado fraco.

Agrotóxico infecta solo e ar.

A água ingerida pode matar.

Ser humano é tão estranho.

Logro de jeito tamanho.

É que o mal já foi causado.

Desde sempre tão errado.

Culpada? A água do meu banho.

 

Raquel Ordones

Uberlândia MG

 

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