terça-feira, 30 de maio de 2017

Um soneto para você

Um soneto para você

Meus versos são comuns, mas tão sentidos,
Erguidos por querer, força tamanha,
Façanha outonal; tempos florescidos,
Recolhidos do dentro lá da entranha.

Estranha impressão baila e rodopia.
A poesia na alma, disfarçada,
Calada em grito e foge da utopia,
Alia ao conjunto e é selada.

E nada explica, paira sentimento,
Vento a bambolear minha cortina,
Desatina-me em todo cruzamento.

Invento dos céus flameja retina,
Adrenalina, corpo e pensamento,
Momento meu, que para o seu destina.


Raquel Ordones #ordonismo
Uberlândia MG 

quarta-feira, 24 de maio de 2017

Tecnologia sonetada


Tecnologia sonetada

On, o mundo já chega a minha mão,
Em fração de segundos sou viagem,
Aterrissagem cá; lá na estação,
Ação, seriedade e vadiagem.

Sem blindagem. É terra de ninguém,
Além-domínio, coisas tão forjadas,
Copiadas, coladas, stress, zen,
Também há santas mulheres peladas.

E cultuadas glórias, trai o padrão,
Fiação de perigo em cada estrofe,
Um cofre de surpresa e de armação.

Coração sofre, pois há quem o mofe,
Afofe nude, tecla uma emoção,
Paixão, amigos, negócios além do off.


Raquel Ordones #ordonismo
Uberlândia MG

sábado, 20 de maio de 2017

A noite não vem só


A noite não vem só...

Esperança de um dia melhor; dorme,
É conforme o seu tempo e tão tranquilo,
Aniquilo o mau. Meu sentir tão enorme,
É uniforme o vento e canta o grilo.

O sigilo na mente que voeja.
Viceja uma vontade do teu toque,
Sem retoque, que nada me proteja.
E boceja os meus beijos em estoque.

Enfoque nos teus olhos, tua mão.
Meu vão se lança à tua entrelinha,
Aninha-me no teu corpo, emoção!

É sensação que dança; desalinha,
Sozinha não, comigo a reflexão.
Excitação por dentro que sublinha.


Raquel Ordones #ordonismo
Uberlândia MG

segunda-feira, 15 de maio de 2017

Riso d’alma


Riso d’alma

E quão belo é seu riso?_não sei!
Fitei-o, um sol se acendeu só para mim.
Assim, meio impactada me encontrei,
descansei minha alma, era querubim.


Carmim é um impulso que submete,
É vedete a paixão; e se pôs em dança,
Balança-me absoluto, qual valete.
Confete de corações e criança.

Nuança de sentires e são tantos...
São encantos que nos meus poros retinem,
Definem-se tão bons, que sinto espantos.

E quantos risos pelo seu?_ Imaginem!
E nem eu sei; uns lascivos, outros santos,
Cantos de boca se abrem, imos se unem.


Raquel Ordones #ordonismo
Uberlândia MG 

sexta-feira, 12 de maio de 2017

Liberdade que prende

Liberdade que prende

É, tende a ser gostoso o alforriado,
E dado com vontades, integral,
Sem plural, sem composto. Predicado,
Conjugado sem aspas, não verbal.

Aval com reticências, e sem pontos,
É sem pespontos, crase e sem colchete,
Brete de ócio, vírgula se tontos,
Os dois pontos falam tête à tête.

Bilhete do sujeito: coração,
Conjugação do tempo é presente,
A mente não argui. Bravo, interjeição!

Interpretação clara e convincente,
Recorrente e sem interrogação,
Aprovação, de nada dependente.


Raquel Ordones #ordonismo
Uberlândia MG 

quinta-feira, 11 de maio de 2017

Relatos sobre ela


Relatos sobre ela

O sol acorda; tão azul é o céu,
O véu da aurora cai; se descortina,
E na retina anil, mais um pincel,
No hotel estrelas; ela tão menina.

Esquina em flor, n’alma borboletas,
Letras e poesia, imo desnudo,
O veludo da essência brota em gretas,
Com gavetas sem trinco, amor escudo.

O miúdo é grande, afago ostenta,
E lamenta outrem não ver dessa forma,
Transforma numa paz, por dentro venta,

Tenta não se atingir, cria uma norma,
Reforma; vez ou outra ela se reinventa,
Requenta versos, é feliz: informa!


Raquel Ordones #ordonismo
Uberlândia MG 

terça-feira, 9 de maio de 2017

Soneto roceiro

Soneto roceiro

São cinco da manhã, o galo canta.
Levanta bota lenha na fornalha,
Palha, fumo, café, prece à santa, 
Planta o pé na botina; à batalha!

Orvalha ainda, chapéu, força, cabaça.
Abraça seu trabalho, busca o gado,
É cercado e peado, tão sem raça.
Rechaça o bezerrinho arreliado.

É ordenhado o leite. Já afofa a horta,
E corta o mato, varre seu quintal,
É bestial ofício, afã reporta.

Transporta porcos, roupas no varal,
É rural. Pesca e caça; se comporta,
Da porta, o luar, firme no degrau.

ღRaquel Ordonesღ #ordonismo

sábado, 6 de maio de 2017

O amor

O amor...

Sabe-se que não tem como aclarar,
Amar é algo muito além de tudo.
Estudo nenhum pode confirmar,
E verbalizar não beira, contudo.

Escudo de palavras, assim usa,
Abusa o poeta, em sua acepção,
O coração remove da reclusa,
Efusa o sentir e a sensação.

É em vão, o escrito não é o sentido,
Transmitido em folha, letras apenas,
Amenas demais para algo fervido.

Iludido sentir, versos e penas,
Pequenas provas de algo desmedido
Fingido escrito, qual voar de renas.

ღRaquel Ordonesღ #ordonismo

Uberlândia MG



segunda-feira, 1 de maio de 2017

Fogo


Fogo

Destempero; calor que não esquece,
Aquece a alma num corpo tão febril,
Abriu estufa que nunca se arrefece,
Parece chispa em pólvora e barril.

É pueril e insano esse desejo,
Lampejo que acalora em arrepio,
Um desbrio que chega qual despejo,
Um festejo de carne em rodopio.

Se vadio não sei, mas sei que queima,
E teima duelar, em mim combustões,
Sensações com ardência e tanta freima.

Requeima dentro afora em ebulições,
Volições; desafio em tira-teima,
Qual guloseima; além-fogo de Camões.

ღRaquel Ordonesღ #ordonismo
Uberlândia MG