terça-feira, 26 de abril de 2016

Mutação

Mutação

Aprende-se a letra; junta-se a outra, a palavra se faz,
Tão importante quanto, e sozinha é objetiva ou não,
Junta-se a outras palavras, de abrir um leque é capaz,
E torna-se pequena ou até uma agigantada expressão.

De verso em verso muda e tanta coisa pode ser dita,
Tantos assuntos expressos e explicados num só texto,
Uma mensagem de amor, fé, esperança; é tão bonito,
E ao inserir notas, desfigura-se parte desse contexto.

Cifra aqui, e cifra ali e tudo se mostra em partitura,
Letra vira palavra, que vira verso, que vira a poesia,
Mistura-se a notas e voz, transforma-se em melodia.

Adentra pelo ouvido, atinge alma e coração, doçura,
A música agora tem vida própria e torna-se senhora,
E nem doeu tal mutação para volver-se trilha sonora.

ღRaquel Ordonesღ
Uberlândia MG – 26/04/16
Soneto infiel – sem métrica

Sentimentos líquidos

Sentimentos líquidos

E o coração dele de repente se acelera,
Encontrou alguém que chamou atenção,
No mesmo minuto em absoluto se altera,
Arremessa-se de cabeça nessa tal paixão.

Agora está tudo bem, está tudo perfeito,
E diz: eu encontrei o amor da minha vida!
E então, amanhã já começa a dar defeito,
Não se importando com uma crível ferida.

Noutro dia  está na pista em novos rituais,
Com isca de falso sentimento se desdobra,
Prende-se a redes, misturando-se a cobra.

E tão rotativos são os sentimentos atuais,
Líquidos e por qualquer furo se escorrem,
No mesmo desenho que nascem; morrem.

Raquel Ordones
Uberlândia MG – 25/04/16

Soneto infiel – sem métrica

domingo, 24 de abril de 2016

Sinestesia

Sinestesia

Boca que apalpa, em degustação.
Mãos que devoram, a tez assume.
Olhos que comem; toda a direção.
E o nariz que enxerga o perfume.


Raquel Ordones

Uberlândia MG – 24/04/16

Notas


Notas

O sol fá lá mi sem dó:
_Si ousar roubar meu brilho
é ré!

Foto e texto : ღRaquel Ordones

Uberlândia MG – 24/04/16

Boa viagem...

Boa viagem...

E eu vivo em manutenção, em atualização,
Limpo de dentro o que pode dar problema,
E lubrifico bem a peça principal: inspiração,
Proporcionar belo voo; busco esse emblema.

Dou asas à imaginação e prefiro ser bem leve, 
Deixo que o ledor viaje na poltrona da janela, 
A bordo dessa turnê desconhecida  se atreve,
Com turbinas silenciosas e itinerário aquarela.

Piloto aeronave poesia, tal qual uma borboleta
            E faço manobras toscas para chamar a atenção,              
São inofensivas, seguras; só para causa emoção.

Na pista poética iço vôos, coração é caixa preta,
Sou biruta, aterrisso-me sem turbulenta leitura,
            E se for boa a viagem sou eu quem voo à altura.            

Raquel Ordones
Uberlândia MG – 24/04/16
Soneto infiel – sem métrica


Dona Pata


Dona Pata

La vai dona Pata com o dedo grudado,
Onde é que coloca o anel de noivado?

Lá vai dona Pata, bela, recatada, do lar,
Por que é que ela anda, não sabe voar?

Lá vai a dona Pata com o seu rebolado,
O pescoço esguio, bumbum rebaixado,

Lá vai dona Pata, e qual é o seu anseio?
Num dos seus ovos nasceu um pato feio.

Lá vai dona Pata, está tristonha a chorar,
Quá, quá, quá, quá, quá, quá, quá e quá!

É que os cinco patinhos foram passear.
Quá, quá, quá, quá, quá, quá, quá e quá!

Raquel Ordones

Uberlândia MG – 24/04/16

sábado, 23 de abril de 2016

Eu

Meus pés caminharam em estradas empoeiradas
Nas calçadas da cidade, em mim ainda tem 'roça'. 

ღRaquel Ordonesღ
Uberlândia MG – 23/04/16
(Foto: Luisa Araujo.)

Menino poesia


Menino poesia

E eu passava por ali,
Ele levantou os olhos e sorriu
Concentrou novamente no que fazia
Desenhando uma pipa no chão.

Foto e texto:
ღRaquel Ordonesღ

Recusa da musa


Recusa da musa

E estamparam-na ali; em uma beleza florida,
Tão morena e beijada pelo frescor do vento,
Na tinta impressa e expressamente querida,
Não sabe ao certo o que vai ao pensamento.

Boca bem feita, batom a rimar com todo céu,
Assim como os olhos que combinam com tudo,
Cílios que se topam; quebra do silencio o véu,
Encanto taciturno que grita num muro mudo.

Efígie perfeita chama atenção de quem passa,
 Da sua musa, seus belos traços ele ‘aquarelou’,
É que ela partiu, partiu seu coração, ele chorou.

E lá está ela num verde olhar em frente à praça,
Usando tinta nas mãos misturada à cor do amor,
 Num remanejo final, cabelos em cachos de flor.

ღRaquel Ordonesღ
Uberlândia MG – 16/04/16
Soneto infiel – sem métrica
Arte por: Robson Melancia, feita na cidade de Dois Córregos - SP.

Raio cai

Raio cai

Do nada estala
Surge o clarão de luz
Então o raio cai.

ღRaquel Ordonesღ
Uberlândia MG – 16/04/16

Lusco-fusco outonal


Lusco-fusco outonal

Nas tardes de outono o amarelejo evidencia,
Ergue castelos entre as folhas dos coqueiros,
Então a brisa acalorada uma dança cadencia,
E o sol prepara-se para o seu raio derradeiro.

Cada fresta entre folhas tem brilho diferente,
E a luz declina em conta-gotas; câmera lenta,
Há cantoria de pássaros, a charanga coerente,
Cada um com seu estilo e a fanfarra sustenta.

A lucidez do dia ofusca-se na noite inda menina,
A tarde se auto destrói numa confusão perfeita,
E o sol dá o trono à lua que é a sua musa eleita.

Cores sem nomes captadas apenas pela retina,
Em um encantamento sem qualquer explicação,
Despede-se do tempo; fundo respirar, o coração.

Raquel Ordones
Uberlândia MG – 17/04/16
Soneto infiel – sem métrica

Foto: Raquel Ordones

Pérolas da votação do impeachment


Pérolas da votação do impeachment

“É; talvez ninguém se salve, a falta de respeito é tão visível,
Parece o resultado de escola de samba aguardando o dez,
Pessoas ditas de classe se expõem desclassificadas, incrível,
Foge ao assunto, incoerência, tão toscas, ignorantes em viés.

Tão sem sentido:  Pelo fim da corrupção o meu voto é não,
Com palavras tão agressivas:  Durmam com essa, canalhas,
Pela família quadrangular. E o santo nome de Deus em vão,
Sua cadeira cheira enxofre; levante o dedo os não petralhas.

Minha tia Eurides que cuidou de mim quando era pequeno,
Ao fim da vagabundização remunerada e os falsos rumores,
Ah;  Em nome de Jesus eu profetizo a queda dos senhores.

Presidenta honrada e inocente,  tributo listado, tão ameno,    
PT: Perda Total, Partido das Trevas, Prática rasteira, decaída
E que a Ex presidenta tenha férias eternas, #TchauQuerida!”

Raquel Ordones
Uberlândia MG – 17/04/16

Soneto infiel – sem métrica

Das minhas preferências

Das minhas preferências

Gosto dos gostos que a minha casca tênue provoca,
Dos gostos que de tão gostoso dulcifica toda a alma,
Gosto de olhar que sutilmente me come e me evoca,
Gosto das nossas miscelâneas que me atiça e acalma.

Gosto das nossas cores juntas, desenho enigmático,
 Lágrima e gozo da nossa satisfação em nuança forte,
Gosto se me encobre em branco ou monocromático,
Gosto dessas tonalidades esfregadas que tira o norte.

 Gosto do cheiro que é seu, mas que eu levo comigo,
Desse que o vento rouba e carrega para o meu nariz,
Gosto da sua fragrância que me molha qual chafariz.

Gosto do seu toque que me tropeça, em mim: abrigo,
Gosto da sua voz que saliva em meu ouvido e sussurra,
Gosto se faz do lençol, lona e com beijos me esmurra.

Raquel Ordones
Uberlândia MG – 18/04/16

Soneto infiel – sem métrica

Nepotismo Poético

Nepotismo poético

É noite; governa um quase silêncio sem instrução,
Escraviza o pensamento fazendo viagem e check in,
Ele não sabe falar e diariamente gasta a imaginação,
Usa jato de inspiração, embarca sem tempo, enfim.

 A palavra concursada quebra silêncio, e sai da boca,
A mão competente na escuta; aciona logo os dedos,
As expressões fazem grampos, delata de forma louca,
 Verbos um a um se entregam à caneta seus segredos.

O papel não deixa passar em branco e se faz tribuna,
Agora é voz, sem golpes se deixa escrever em negrito,
Ao correr de olhares secretos, é uma leitura em grito.

Inacabáveis sessões, parlamento do imo sem lacuna,
 Leis do amor cumpridas ou vive-se em própria cadeia,
Tudo de mim empregado na poesia, outrora via na veia.

Raquel Ordones
Uberlândia MG – 23/04/16

Soneto infiel – sem métrica

Eclipse


A lua e o sol
Em pacto.
Eclipsam.


Raquel Ordones
Uberlândia MG – 23/04/16


quinta-feira, 14 de abril de 2016

Não havia música

Não havia música

E o sol refletia ali a minha frente, sem tom,
A borboleta foi levada por um fraco vento,
Não me agradei com a cor daquele batom,
Havia uma confusão tosca no pensamento.

Não vi partituras em quase nada, sem nota,
O meu ouvido sentia no tímpano, ausência,
Estado triste, aos olhos toda a lágrima brota,
Foi passando, em mim não há permanência.

E aprende-se muito com a coisa não tão boa,
Há pétala desbotada se o olho não soube ver,
Há desespero dentro quando se perde o crer.

E perde-se tanto sem música, coração destoa.
 Conheci o silêncio que tanto me incomodou,
O rádio de mim eu liguei, minha alma dançou.


ღRaquel Ordonesღ
Uberlândia MG – 14/04/16
Soneto infiel – sem métrica





quarta-feira, 13 de abril de 2016

Polêmico

Polêmico

E tão forte quanto a outra, surge a sociedade virtual,
Oceano que mostra pessoas surfando em ondas raras,
E estranhos seguem estranhos, como se fosse normal,
Frequentam-se, falam-se, moram-se sem ver as caras.

Pessoas próximas se distanciam e o parente bloqueia,
Andarilhos que se somem nas vielas do seu próprio ser,
Em um surreal fotográfico de pingos de água na areia,
Êxodo para um mundo enigmático sem ver o sol nascer.

Sem romper grilhões do cárcere da rotina, sem abraço,
Remando  águas plácidas, de olho no furacão profundo,
Depositando sonho em uma caixa sem chão, falso fundo.

Entes queridos fragmentam-se nesse vício, despedaço,
Em uma rotatividade de sentimentos, tantas incertezas,
Troca-se real pão por críveis pitéus em oscilares mesas.

Raquel Ordones
Uberlândia MG – 09/04/16

Soneto infiel – sem métrica

terça-feira, 12 de abril de 2016

Caminh(a)ndo

Caminh(a)ndo

Cada coração comporta caminhos coloridos,
Cada centímetro contém coisas coniventes,
Com calma cata cesta crisântemos colhidos,
Chuvisco; conversas camponeses contentes.

Cada caminho cruzamento contos calientes,
Cama, carne, carícias, coxas, cabelo, chapéu,
Conta causo cabeludo com caiporas carentes,
Coices, cabeças caídas, cometa correndo céu.

Cada caminho coliga com curva, cachoeira,
Cidades centenárias, contornos, Continente,
Cais, carretas, crepúsculos, café calmamente.

Cada caminho cola cena, cruz companheira,
Cada cidadão cargas correlativas; consome,
Cansado, coitado! Cultivando, colhe, come.


Raquel Ordones
Uberlândia MG – 07/04/16
Soneto infiel – sem métrica / Tautograma

Metaforicamente árvores

Metaforicamente árvores

E surgimos de uma pequena semente plantada,
Erguemo-nos dia-a-dia, fertilizante, água, sol,
Há dias difíceis, o vento judia com sua rajada,
Sorte a nossa... Para a escuridão existe o farol.

Temos ferramentas para adotar o crescimento,
Família, amigos, religião: apontam para a luz,
Há lamas fétidas nos trilhos a todo o momento,
Somos flores a divisar do barro cerne que seduz.

Suje-se com a terra de sonhos, ou, não germina,
Busque no amor, adubo mor, força para erguer,
E das gotas de chuva de carinho para florescer.

Não cobice a árvore ampla do centro na esquina,
E seja qual árvore for ainda pequena, verdadeira,
Nem forte, nem bela, alcança-se o fruto, a videira.


Raquel Ordones
Uberlândia MG – 11/04/16
Soneto infiel – sem métrica 

À nossa caça

À nossa caça

E essa constante busca; essa nossa insatisfação,
Esse correr atrás de algo, sempre apetecer mais,
Somos a cada momento um novo ser, a mutação,
Somos teto, somos piso, portas e somos quintais.

Esse nosso navegar em barquinhos balouçantes,
Essa ameaça que corremos a cada vir de mareta,
Emerge das nossas profundezas forças berrantes,
Alguns a chamam: fé;  sai de fino da menor greta.

Nosso coração nos diz: logo ali há um porto seguro,
No real do hoje há braçadas utópicas para o depois,
Às vezes somos ninguém, outras vezes somos dois.

Se não cedemos aos percalços, vai abaixo o muro,
Enquanto houver o respirar, haverá ventos risonhos,
Entram e saem, buscam e levam perfumes e sonhos.

Raquel Ordones
Uberlândia MG – 12/04/16

Soneto infiel – sem métrica

quarta-feira, 6 de abril de 2016

"A vida tem dessas coisas"

“A vida tem dessas coisas”

E nem sempre a vida é feita de retas, apesar de tê-las,
Embora haja vista de flores, mas talvez não se alcance,
Manhã clara, tarde cinza; noite com lua e com estrelas,
A vida vai muito além disso;bastante complexo o lance.

Vida é gramática, são regras usadas com muita atenção,
O travessão é um equilíbrio de quem ouve e quem fala,
E por um acento ou um hífen perde-se ponto na redação,
Nos dois pontos aguarda-se esclarecimento, faz-se sala,

Às vezes usam-se vírgulas demais, esquecem-se crases,
Há horas que se não coloca ponto final, perde o sentido,
E a reticência faz um penhasco e parece algo escondido.

E se indeciso, usa-se interrogação, não se atropela fases,
 Nos momentos felizes a pronúncia correta é exclamação,
Asterisca-se, tira colchetes e aspas das coisas do coração.


ღRaquel Ordonesღ
Uberlândia MG 06/04/2016
Soneto infiel - sem métrica


terça-feira, 5 de abril de 2016

Páginas de mim



Páginas de mim

E quase sempre me pego folheando-as, relendo,
Estou na página do hoje é porque muito escrevi,
Há cada imagem incrível e outras, não entendo,
Amei, fui amada, chorei, e em tantas delas sorri.

Leio-me em dias de dor, uma nuvem de tristeza,
Passageira, no entanto deixou marcas rabiscadas,
Porém me li tão resolvida detentora de firmeza,
Eu fui menina, garota, mulher; de mim derivadas.

Em todos os cabeçalhos e rodapés; minha digital,
Todas as páginas estão lá, nenhuma foi arrancada,
Nada se perdeu, percebo pela ordem enumerada.

Orgulho-me das páginas coladas em mim, espiral,
Talvez pudessem ter sido mais bem escritas, enfim,
Páginas e páginas em capa dura: histórico de mim.

Raquel Ordones
Uberlândia MG – 03/04/16
Soneto infiel – sem métrica

Penetração poética

Penetração poética

E desabotoo as palavras; antes de possuí-las, acaricio,
Letra por letras, curva por curva fazem-se rijos versos,
Alongam-se em tesos haicais com pensamento no cio,
E vou sentindo lá dentro, enflorando todos os reversos.

Bulino cada ponto, massageio vírgulas e até travessões,
Interroga-me em exclamação e dois pontos: um indriso?
As estrofes se contorcem tez na tez em tantas sensações,
Vira rebolado um infiel soneto, e a sua métrica eu analiso.

Resenho o prazer, jogo-o no lençol perfumado da prosa,
Essa expõe sua essência crônica, enrubesce as bochechas,
Aldravia em discurso implora que puxem suas madeixas.

Os poemas lançam de si, se fazem ali em inspirada glosa,
Então penetro meus escritos, bem no cerne do meu leitor,
Que se deleita na escorrência do meu entusiasmo criador.

Raquel Ordones
Uberlândia MG – 04/04/16

Soneto infiel – sem métrica

Quem me dera

Quem me dera

Quem me dera ser um mar, lamberia as tuas areias,
E úmida de meiguice te balançaria em minha onda,
Queria-te correndo pausadamente em minhas veias,
De cima a baixo, de um lado ao outro a fazer ronda.

Quem me dera ser um mar com todo o seu encanto,
Levando-te, trazendo-te com beijo no colo do braço,
E quem me dera caber-te em todo e qualquer canto,
Quisera eu ser tua, da mínima gota ao maior espaço.

Quem me dera ser um mar para comportar teu bote,
Far-te-ia naufrago nos meus quereres, sedes e fome,
Em respiração boca-a-boca que toda  alma consome.

Quem me dera ser um mar, e dele fizesse-me o pote,
Tomasse-me por inteira a canudinho, querer negrito,
Quem me dera se no teu viver eu fosse o teu infinito.

Raquel Ordones
Uberlândia MG – 05/04/16
Soneto infiel – sem métrica


domingo, 3 de abril de 2016

Pô. ema!

Pô, ema!

Possui grandes asas, não obstante não voa,
Usadas para equilíbrio, mudança de direção,
Um metro e setenta; altura de uma pessoa,
Urina e fezes na cloaca existem a separação.

Onívora: fruta, semente, folhas até moscas,
Lagartos, cobras, moluscos e peixe também,
Na reprodução o macho faz celeumas toscas,
Poliginia: três a seis fêmeas compõe o harém,

E a fêmea com outros machos em poliandria,
Machos fazem os ninhos e forram com capim,
Choca e vira os ovos; eclodem no mesmo dia.

 Filhote assovia: fica com o pai sem problema,
Aos dois anos atinge maturidade sexual enfim,
Possui dedos e pênis? É diferentona, pô ema!
                                                                                                                                                            
Raquel Ordones
Uberlândia MG 02/04/2016


Soneto infiel - sem métrica

A liberdade é o que prende

A liberdade é o que prende

E a borboleta voeja não se apega a nenhuma flor,
Pousa e esvoaça, vai e volta e tem todo um jardim,
Da mesma forma a abelha em busca de um sabor,
Afronta aragem, tão forte pela essência do jasmim.

No arco-íris, pingos de chuva veem, sem o corrimão,
Raio do sol os beija, em nossos olhos: o espetáculo,
Vivem ao natural, como deve ser, com toda a razão,
E não se traem,  imutáveis, bem além de obstáculo.

E faz do zelo diário um compromisso sem cobrança,
Tal qual o vento que oscula todo e qualquer cabelo,
Inda com outro cheiro é bem vindo; tão bom ‘vê-lo’.

Sem assinaturas, sem combinação fazem-se aliança,
Harmoniosamente viável, verdadeiramente correta,
Feito a circulação de sentimentos na mente do poeta.

Raquel Ordones
Uberlândia MG – 02/04/16

Soneto infiel – sem métrica

Páginas de mim

Páginas de mim

E quase sempre me pego folheando-as, relendo,
Estou na página do hoje é porque muito escrevi,
Há cada imagem incrível e outras, não entendo,
Amei, fui amada, chorei, e em tantas delas sorri.

Leio-me em dias de dor, uma nuvem de tristeza,
Passageira, no entanto deixou marcas rabiscadas,
Porém me li tão resolvida detentora de firmeza,
Eu fui menina, garota, mulher; de mim derivadas.

Em todos os cabeçalhos e rodapés; minha digital,
Todas as páginas estão lá, nenhuma foi arrancada,
Nada se perdeu, percebo pela ordem enumerada.

Orgulho-me das páginas coladas em mim, espiral,
Talvez pudessem ter sido mais bem escritas, enfim,
Páginas e páginas em capa dura: histórico de mim.

Raquel Ordones
Uberlândia MG – 03/04/16

Soneto infiel – sem métrica