terça-feira, 1 de março de 2016

Sopro e sedução

Sopro e sedução

O vento chegou; a palmeira do jardim descabelou,
Transportou todas as folhas ali do chão, já mortas,
Subiu e desceu num constante bailado e rodopiou,
Pintou o céu em poeira, espiou a racha das portas.

Entrou pela minha janela, lençóis e encantamento,
Coreografou as cortinas, em misturas cambiantes,
Sibilou no meu ouvindo causando encrespamento,
Beijou-me tão sonoramente, cabelos esvoaçantes.

Aspirou ao meu perfume, sem nenhum manifesto.
Ficou ali me rondando, rondou, rondou a me tocar,
E vez ou outra atacava de leve meus lábios a beijar.

Provocou-me com arrepios, cobri-me em protesto,
Brincou comigo, de repente se foi, era quase alado,
Tão instável e volvedor, voou para o quarto ao lado.

Raquel Ordones
 Uberlândia MG – 01/03/16
 Soneto infiel – sem métrica


Um comentário:

  1. CURIOSO!
    palavras que move o ser em ser claro com sigo mesmo, más porém profundas e eternas, obrigado pelo momento do agora com essas belas palavras!

    ResponderExcluir