terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

Sobre ela

Sobre ela

Ela pensa 
em jamais deixar de olhar 
no fundo dos olhos das pessoas,
Ela sabe que lá mora a verdade, 
que quando a verdade se ausenta, 
o olhar não sustenta.
E ela sabe mais... 
Quando a verdade se encontra, 
o sorriso provoca, 
e isso toca.

Raquel Ordones
Uberlândia MG 

Borboletas

(Foto:Raquel Ordones)

Borboletas

"Borboletas enxergam essências
Aparências pouco lhes importam."

Raquel Ordones
Uberlândia MG

V(i)niciando

‘V(i)niciando’

Num papel em branco eu rabisco meu verso,
Num formato de circulo desenho o universo,
E com seis ou mais pétalas eu faço uma rosa,
E contando o meu tempo escrevo uma prosa,
E se um cantinho de riso abrilhanta o meu dia,
É por ele que vejo a vida em forma de poesia.

Vou pensando e escrevendo,
E me jogando assim no papel,
Sinto a vida em mim vivendo,
Revolvendo feito o carrossel,
Às vezes eu não me entendo,
E flutuo entre a terra e o céu,
Feito a borboleta tão leve,
Eu deixo o vento me levar,
Em um passeio tão breve,
O meu eu inteiro a ventar,
Sinto o sol e ele se atreve,
Espanta minha neve
Inda que não queira
Vai me esquentar.

Num papel em branco pinto a minha emoção,
E debruçado à esferográfica está meu coração,
E eu percorro em torno de toda a minha alma,
Minha tez se arrepia, meu desejo não acalma,
E se o verbo se intimida e esconde nas linhas,
Camuflado numa escorrência nas entrelinhas,

E escrever é mais que vida,
Intocável que vira o eterno,
E ainda que eu tenha ferida,
Não cabe no orbe caderno,
Nas chegadas e na partida,
O beijo é sempre tão terno,
De passagem nessa estação,
Páginas brancas e amarelas,
Na dança dessa composição,
Nas tintas dessa aquarela,
O que valem são os passos,
Um a um e na sua medida,
Até chegar

Num papel em branco eu rabisco meu verso,
E emocionará!
Num formato de círculo desenho o universo,
E emocionará!
E debruçado à esferográfica está meu coração,
E emocionará!

Raquel Ordones
 Uberlândia MG – 16/02/16
 Soneto infiel – sem métrica


(homenagem ao poetinha Vinícius de Moraes)

Nosso soneto

Nosso soneto

Sozinha, ela se juntou a caneta,
E viu um guardanapo ali jogado,
Seu pensamento saiu pela greta,
Agora ele está no papel gravado.

E a sua paixão ali ela confidencia,
O seu segredo no papel confessa,
E todas as palavras em harmonia,
Uma a uma sem nenhuma pressa.

Quartetos carregados de amores,
E os tercetos de saudades falam.
Num falatório que não se calam.

Sem apego à métrica, só sabores,
Cor no querer circulado de preto,
O título em negrito: nosso soneto.

Raquel Ordones
 Uberlândia MG – 17/02/16

 Soneto infiel – sem métrica

Hoje vim trazer rosas para mim

Hoje vim trazer rosas para mim

É claro que são para mim, porque eu mereço!
Amo as rosas amarelas, as rosas não colhidas,
Pequeno vaso é grande presente, sem preço,
E se eu ganhar as vermelhas; serão preferidas.

Hoje vim trazer rosas para mim; me comportei,
Mesmo que não tivesse comportado, me daria,
Ao vê-las ali, me sorriram. Ah, então me alegrei!
E dançavam ao vento em silêncio, feito a poesia.

De sutil aroma, esse que minha alma envolveu,
Com pétalas aveludadas, e em um tom singelo,
Tocou-me densamente esse cadenciar amarelo.

Aquelas rosas eram para mim, meu ser volveu,
São tão emocionantes por si, inclusive me cala,
E me dei, estão aqui na mesa do centro da sala.

Raquel Ordones
 Uberlândia MG – 18/02/16

 Soneto infiel – sem métrica

Da Química

Da química

Em nossas estruturas; mudanças sofridas,
Nota da matéria e suas reações à energia,
São leis da afinidade em vínculos bebidas,
Laços fortes de arrepio que causam poesia.

Beijos alteram temperaturas; gera agitação,
Moléculas se chocam com maior facilidade,
Toque, pele, cheiros; ‘inexplica-se’ atração,
Barba por fazer; sei lá, é tanta insanidade!

A ciência até tenta esclarecer o tal processo,
E explica-se algo que atiça antes de ser feito?
Tantas teorias, só quem sente sabe o efeito.

E dos nossos corpos; sabedores do ingresso.
E ocupam ao mesmo tempo o mesmo lugar,
Na alma, massa e volume baralham a vibrar.

Raquel Ordones
 Uberlândia MG – 21/02/16
 Soneto infiel – sem métrica


quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

Solipsismo

Solipsismo

É; Além de mim, só minhas experiências,
E eu sou instituída pelo o meu eu passado,
Meu atravessar se foi; ficaram as ciências,
O que restou foi apenas meu eu atualizado.

E tudo pode ser contestado, além de mim,
Teoria que reduz o fato ao anexo pensante,
Só existe o eu e todas as sensações, enfim,
Onde eu sou eu, de tudo, único participante.

A singular realidade do mundo é o meu eu,
É  conjunto de costumes de um ser solidão,
E revestido de matizes, tal qual um ermitão.

E então, como conhecer outras realidades,
Se nada é externo a mim, ser Solipsismo?
E sou absoluto no eu, permanente egoísmo.


Raquel Ordones
Uberlândia MG – 15/02/16
Soneto infiel – sem métrica

terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

Sem sentimento?

Sem sentimento?

Vou tentar escrever um poema sem sentimentos,
Estou dentro de mim nas coisas novas e entulho,
Tentando fazer a separação, para procedimentos,
Não percebo nada sem sentido, nenhum barulho.

Desse lado tem eu, dentro do coração sou espaço,
É que ele está inteiramente tomado por saudade,
Misturada homogeneamente com amor e abraço,
Encontrei nada, por isso no estômago, ansiedade.

Na superfície da pele, senti um arrepio, não vale,
Nos olhos vejo a beleza e nada faz com que cale,
O dedo sente cansado, viu? Sentiu; me entende?

Aqui na alma, frenesi; não tem quem a defende!
Nas minhas veias percebo da vida uma irrigação,
É; não tem como escrever, se eu sou meu coração.


Raquel Ordones
Uberlândia MG – 10/02/16
Soneto infiel – sem métrica

Poema em ão

Poema em ão

Disseram-me que é pobre poema terminado em ão,
Pensei aqui comigo; cheguei à conclusão: acho não,
Há pessoas que faz da poesia sua própria respiração,
Já outros dizem ser coisa de babaca, uma defecação.

Então, sobre esse assunto cada um tem sua opinião,
E logo, quem escreve, pode escolher sua terminação,
Há quem faz poema magoado carregado de solidão,
Há quem escreve sobre amor sem amar, pretensão!

Há quem escreve sem nenhuma forma de pontuação,
Há quem junta palavras e fica difícil a interpretação,
Há quem verseja assim: Ah! Oh! É tanta interjeição.

Não vejo pobreza, e ninguém tem que dar satisfação,
Coração termina em ão, o que falta é respeito, então,
Pobre seria se as pessoas escrevessem sem a emoção.


Raquel Ordones
Uberlândia MG – 11/02/16
Soneto infiel – sem métrica

'Poe(ma)sculino

‘Poemasculino’

Horizonte, esconderijo do sol, expediente se encerra,
Encosta-se à cadeira e coloca a tampa naquela caneta,
Alonga as pernas e por alguns minutos os olhos, cerra,
Afrouxa a gravata marinho e fecha com o pé a gaveta.

A última xícara de café e a porta, ele fecha atrás de si,
Atravessa a rua, entra em um modesto bar em frente,
Uma cerveja, um cigarro, olhar perdido e fica por ali,
O amigo chega ,o acompanha, pede outra de repente.

E pede mais bebida, a hora passa e já são quase dez,
Segunda feira, primeiro dia, jantar em casa o espera,
Chega depois das onze, bafo de onça, encontra a fera.

Fez disso uma rotina, vida sem graça, olhado de viés,
O filho mal vê, da sua companheira perdeu o carinho,
_E além do boteco, o que mais teria em seu caminho?

Raquel Ordones
Uberlândia MG – 15/02/2016

Soneto infiel – sem métrica

Desentortando versos

Desentortando versos

Era para ser triste o poema que eu ia escrever,
E foi no verso seguinte que o verbo eu mudei,
Coloquei sorrisos; e sonhos bons pude prever,
Expressões que pudessem ferir; todas eu tirei.

Eu escrevi muitas flores e a tristeza foi embora,
Usei gradações,  dessa mágoa nenhum prurido.
E escrevi tanta coisa boa por esse poema afora,
Talvez  tenha até ficado comigo meio ofendido.

Mas nem liguei, eu que escrevo meus caminhos,
Sou eu que varro o que para mim não tem valor,
Foi por isso que derramei no papel o meu amor.

Ordenei ao vento para que levasse os espinhos,
E mostrou-me uma clareira que eu podia pintar,
Desentortei o poema triste só para ele me alegrar.


Raquel Ordones
Uberlândia MG – 15/02/16
Soneto infiel – sem métrica

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016

"Das acontecências"


(imagem do Google)
‘Das acontecências’

Ela se intitula: namorada; é conveniente.
Na balada ela está a tiracolo é a princesa,
Lá no barzinho é exibida por ser atraente,
Ele alheio. Ela: manga de fora, vira a mesa.

E na garupa da sua moto ela vive divando,
E no carro ela que manda; primeira dama,
E mora no mundo da lua, por ai viajando,
As bebidas, comidas, viagens e até cama.

Academia, salão de beleza marca presença,
O dia todo batendo perna, ele a sustenta,
E roupas caras com joias raras ela ostenta.
                                           
Se ele adoece, não aparece e nem pensa,
Tanta coisa a fazer, desculpa esfarrapada,
Se tirar Amor de n(amor)ada, sobra nada.

Raquel Ordones
Uberlândia MG - 10/02/16
Soneto infiel - sem métrica



domingo, 7 de fevereiro de 2016

Ciências, música e poesia

Ciências, música e poesia.

E literaturo-me pelas leis do universo,
Essa energia, toda minha matéria toca,
Intercâmbio do meu ser, e o faz verso,
Processa-me, na propriedade me foca.

Nos relevos de mim há curvas de notas,
Há um conhecimento que a alma grita,
Em um concerto harmonioso me botas,
Em regras variáveis de som me negrita.

Somo-me à sua química e disso, ciente.
Investigo os fenômenos que me causa,
Sigo no verbo, efígie, ritmo e sem pausa.

Multiplico-me, ao subtrai mais potente.
Transformo-me em conjunto de sinergia
Sou as ciências, sou música e sou poesia.


Raquel Ordones
Uberlândia MG – 07/02/16 – 14:47
Soneto infiel – sem métrica