segunda-feira, 1 de junho de 2015

Essência

(imagem do Google)
Essência 

Podia até dar com a cara no muro, mas era por sua própria decisão; não era influenciável e os amigos sabiam bem disso; quando queria algo, queria; quando não queria nada e ninguém a faria mudar; teimosa até.
Ela sabia que a repetição cansaria claro, qualquer um sabe disso, que o entusiasmo passa quando a rotina se apodera da vida, principalmente a dois.
Era fascinada pelo desconhecido, mas era da turma que acreditava até o fim em algo; que achava que arroz com feijão é gostoso desde que haja tempero.
Jogada ali naquele “puff” branco, que combinava perfeitamente com a decoração da sua sala de Tv, cortinas de tecidos leves e lilases com rajas da mesma cor bailavam com o vento que se afunilava pela janela entreaberta. Em cima da mesinha, objetos decorativos: verde musgo e aquele tapete felpudo do centro era tão verde quanto.
Na parede as suas costas uma enorme estante, livros de todos os tamanhos e espessuras, desde infantis, gibis até aqueles livros nada a ver, todos já tinham sido lidos por ela; muitos relidos.
No dia a dia convivia com várias pessoas naquele escritório, mas do portão para dentro de sua casa era solitária, por opção; não queria preencher suas páginas com coisas fúteis; não inventava moda, não forçava coisas das quais não estava a fim.
Naquele momento estava ela ali fazendo um balanço dos acontecidos imaginando a possibilidade de inventarem um recurso tecnológico, desses que avisam quando vai chover, ou se virá temporal, um aparelho que avisasse que um homem iria chover em sua horta; que avisasse que faria o seu chão tremer em abalo sinistro. Talvez pudesse ser evitado, talvez pudesse mudar o percurso ou até mesmo não atender ao interfone, ou sei lá, não conectar-se a internet. 
Bobagens... Era não demais para uma mulher que já tinha uma vida regada a ele.
Sonhava também, e sem esse tal recurso, ela era querida, amada talvez...
Viajava em pensamento e quando eles pousavam naquelas cenas lindas e quentes, percebia a sua expressão de sem-vergonhice, ela quase sentia vergonha por isso, mas passava.
Era de bem com a vida, um tanto reservada, em um jeito gostoso de ser, era verdadeira; se sentia, dizia, prendia a respiração e mergulhava ali. 

ღRaquel Ordonesღ
Uberlândia MG 01/06/15



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